ATA DA VIGÉSIMA QUINTA SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUINTA LEGISLATURA, EM 31-3-2011.

 


Aos trinta e um dias do mês de março do ano de dois mil e onze, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, respondida pelos vereadores Adeli Sell, Alceu Brasinha, Aldacir José Oliboni, Carlos Todeschini, Elói Guimarães, Haroldo de Souza, Idenir Cecchim, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Mauro Pinheiro, Mauro Zacher, Nelcir Tessaro, Nilo Santos, Paulinho Rubem Berta, Professor Garcia, Sofia Cavedon, Tarciso Flecha Negra e Toni Proença. Constatada a existência de quórum, a senhora Presidenta declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Sessão, compareceram os vereadores Dr. Raul Torelly, Dr. Thiago Duarte, Elias Vidal, Fernanda Melchionna, Luciano Marcantônio, Luiz Braz, Marcello Chiodo, Maria Celeste, Mario Fraga, Mario Manfro, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo e Waldir Canal. Após, foi apregoado o Ofício nº 313/11, do senhor Prefeito, encaminhando o Projeto de Lei do Executivo nº 014/11 (Processo nº 1255/11). Do EXPEDIENTE, constaram os Comunicados nos 290825, 290826, 290827, 290828, 290829, 290830, 290831, 290832, 290833, 290834, 290835, 290836, 290837, 290838 e 290839/11, do senhor Daniel Silva Balaban, Presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Durante a Sessão, deixaram de ser votadas as Atas da Sétima, Oitava, Nona, Décima, Décima Primeira, Décima Segunda, Décima Terceira, Décima Quarta, Décima Quinta, Décima Sexta e Décima Sétima Sessões Ordinárias e da Quarta Sessão Extraordinária. A seguir, por solicitação do vereador Elói Guimarães, foi realizado um minuto de silêncio em homenagem póstuma ao senhor Mighel Pergher, falecido no dia de hoje. Em continuidade, foi iniciado o período de COMUNICAÇÕES, hoje destinado, nos termos do artigo 180, § 4º, do Regimento, a debates relativos ao Dia Mundial de Conscientização pelo Autismo, a ocorrer no dia dois de abril do corrente. Compuseram a Mesa a vereadora Sofia Cavedon, Presidenta da Câmara Municipal de Porto Alegre, e a senhora Alessandra Araújo Gudolle, representando o Movimento Autismo & Vida. Após, a senhora Presidenta concedeu a palavra, nos termos do artigo 180, § 4º, inciso I, à senhora Alessandra Araújo Gudolle, que se pronunciou sobre o tema em debate. Durante o pronunciamento da senhora Alessandra Araújo Gudolle, foi realizada apresentação de audiovisual referente ao tema abordado por Sua Senhoria. Em COMUNICAÇÕES, nos termos do artigo 180, § 4º, inciso III, do Regimento, pronunciaram-se os vereadores Nelcir Tessaro, Adeli Sell, Aldacir José Oliboni, Nilo Santos, Tarciso Flecha Negra, João Antonio Dib, Luciano Marcantônio, Idenir Cecchim, Dr. Raul Torelly, Toni Proença e Dr. Thiago Duarte e a vereadora Maria Celeste. Na ocasião, a senhora Presidenta prestou informações acerca das atividades desenvolvidas por este Legislativo no debate de questões atinentes à acessibilidade e inclusão social. A seguir, a senhora Presidenta concedeu a palavra, para considerações finais sobre o tema em debate, à senhora Alessandra Araújo Gudolle. Às quinze horas e quarenta e cinco minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas e quarenta e oito minutos, constatada a existência de quórum. Na oportunidade, a senhora Presidenta prestou esclarecimentos acerca do espaço de Ouvidoria deste Legislativo instalado no Mercado Público Central de Porto Alegre, tendo o vereador Aldacir José Oliboni formulado Requerimento verbal, solicitando melhorias nas condições de trabalho dos funcionários que atuam naquele local e tendo-se manifestado a respeito o vereador Nilo Santos. Também, a senhora Presidenta prestou informações sobre atividades desenvolvidas por este Legislativo nesta semana, tendo-se manifestado a respeito o vereador Toni Proença. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se os vereadores Mauro Pinheiro, em tempo da Bancada do PT e pela oposição, Dr. Thiago Duarte, Luiz Braz, Nilo Santos, Pedro Ruas, João Antonio Dib, Idenir Cecchim e Waldir Canal. Na ocasião, foi apregoado Requerimento de autoria do vereador Nilo Santos, Líder da Bancada do PTB, solicitando, nos termos do artigo 218, § 6º, do Regimento, Licença para Tratamento de Saúde para o vereador DJ Cassiá, do dia de ontem ao dia oito de abril do corrente, tendo a senhora Presidenta declarado empossado na vereança o suplente Marcello Chiodo, do dia de hoje ao dia oito de abril do corrente, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Juventude. Às dezesseis horas e quarenta e cinco minutos, constatada a inexistência de quórum, o senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os senhores vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pela vereadora Sofia Cavedon e pelos vereadores Toni Proença e João Antonio Dib e secretariados pelo vereador Toni Proença. Do que foi lavrada a presente Ata, que, após distribuída e aprovada, será assinada pelo senhor 1º Secretário e pela senhora Presidenta.

 

 


A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para um Requerimento.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Srª Presidente, solicito um minuto de silêncio pelo falecimento do Sr. Mighel Pergher - ele era conhecido por Mighelão -, cidadão de Porto Alegre e Conselheiro do Grêmio.

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Deferimos o pedido.

 

(Faz-se um minuto de silêncio.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

Hoje este período é destinado ao Dia Mundial de Conscientização do Autismo. A nossa convidada é a Srª Alessandra Araújo Gudolle, representante do Grupo Autismo & Vida. Seja bem-vinda, parabéns pela luta, pela persistência, pelo engajamento para uma sociedade mais inclusiva e de respeito a todos.

A Srª Alessandra Araújo Gudolle, representante do Movimento Autismo & Vida, está com a palavra.

 

(Procede-se à apresentação de audiovisual.)

 

A SRA. ALESSANDRA ARAÚJO GUDOLLE: Boa-tarde, eu quero agradecer à Casa pela oportunidade de o Movimento estar aqui hoje, para que juntos possamos aprender um pouco sobre autismo. Agradeço também a sensibilidade do Ver. Tessaro, por ter nos concedido esta oportunidade.

Meu nome é Alessandra Gudolle, eu sou mãe de duas crianças que apresentam distúrbios do espectro do autismo: a Júlia, de sete anos, que é uma autista em grau leve, e o Eduardo, de três aninhos de idade, que é um autista em grau moderado, não verbal. Algumas pessoas me conhecem porque eu fui capa da Zero Hora do dia 23 de novembro do ano passado, quando eu tive os meus dois filhos rejeitados em duas escolas particulares de Porto Alegre. Eu fui capa da Zero Hora, em caráter de denúncia, contra duas escolas que rejeitaram a matrícula sem ao menos conhecer os meus dois filhos. A Júlia já estudava num colégio em ensino regular e tinha excelentes avaliações.

Na verdade, a gente veio aqui para esclarecer um pouco o que é o autismo e a importância da inclusão escolar para essas crianças. O autismo é uma deficiência de interação social que atrapalha a comunicação; dependendo do grau, a comunicação fica mais escassa ou a criança é não verbal. A criança é amante de rotina, mas a inclusão escolar é de grande importância para que ela desenvolva uma autonomia futura. Tirar uma criança autista da escola é comprometê-la pelo resto da vida. Não fazer intervenção precoce nessas crianças, não fechar laudo é torná-las dependentes do Estado, igualmente.

Então, o que o Movimento trabalha? O Movimento trabalha divulgando informação sobre o autismo. Nós pretendemos criar um instituto para capacitação de pessoas, para que elas possam se capacitar no atendimento a essas crianças, como professores, profissionais, cuidadores escolares, pais, médicos. Os médicos do Rio Grande do Sul e do Brasil têm que se especializar no Exterior para obter conhecimento sobre autismo. A grande verdade é que a medicina ainda estuda o autismo; as crianças apresentam características semelhantes, mas são muito diferentes entre si. Os meus dois filhos são completamente diferentes, mas eles têm algumas características em comum. A Júlia apresentou disfunção na fala, mas hoje, com a intervenção precoce, ela tem uma fala normal, aprendeu a agir, a se posicionar em sala de aula. Olhando para os meus dois filhos, ninguém diz que eles são autistas. O Eduardo tem um pouco mais de dificuldade por ser ainda um não verbal, mas, pela intervenção precoce, ele tem grande chance de se tornar um menino verbal.

O nosso Movimento é composto por mais de vinte famílias. Eu vejo a inclusão escolar de forma diferente. Na rede pública, alguns gestores escolares e professores chegam para mim e perguntam: “Como é que vocês querem fazer a inclusão? Isso é um mito! Eu tenho 30, 35 alunos em sala de aula, eu não tenho cuidador, eu não tenho quem leve essa criança ao banheiro. Hoje eu tenho, em sala de aula, um aluno cadeirante, tenho um autista; como eu vou dar conta disso?” Eu sempre pergunto: “Mas tu gostarias de dar conta?” Essa é a pergunta que a gente tem de fazer, é a pergunta que motiva. “Ah! Eu até gostaria”. “Então, está, vamos começar a conversar: do que tu precisas? O que o gestor escolar precisa? O que o professor precisa?” Eu diria que, primeiramente, o autista não precisa - as pessoas dizem que a escola não tem estrutura - de uma estrutura física; ele precisa de uma estrutura de acolhimento e de informação. As pessoas precisam saber o que é o espectro autista para receber essas crianças e precisam querer acolher, precisam ter vontade de ter essas crianças em sala de aula. Esta é justamente a linha do nosso grupo: buscar capacitar pessoas - nós somos um grupo gaúcho, não só de Porto Alegre, há famílias do interior do Estado -, para que os nossos filhos e as demais crianças sejam recebidos. Eu sempre digo que talvez nós não venhamos a ser o final feliz, mas, com certeza, nós seremos um caminho para que as futuras crianças possam ser mais acolhidas e mais bem recebidas.

Na rede municipal e privada, eu vejo de forma diferente. O que eu noto? O que eu sinto? Nós temos verba, mas nós optamos por receber alguns e não receber outros, muitas vezes por medo de receber, por falta de conhecimento. Lembro que apresentei para um gestor escolar os meus dois filhos: “Mas isto aí é o autismo?!” Há diferentes graus de autismo. Então, o mais comum é ser grau moderado e grau leve. Muitos autistas grau leve nunca são diagnosticados, passam a vida toda sem diagnóstico. A minha filha levou cinco anos para fechar o laudo, e foi ela quem ajudou o irmão menor a ter o laudo fechado aos dois anos de idade. Eu vivi muito tempo nessa procura, achava que a minha filha tinha alguma coisa de diferente, porque às vezes não respondia ao meu chamado, porque às vezes se trancava no seu mundo e brincava sozinha, mas, ao mesmo tempo, tinha uma genialidade acima da média: conseguia montar um quebra-cabeça de 150 peças em minutos, era a primeira em aprendizado da turma. Então, nunca imaginei que ela tinha um transtorno de desenvolvimento. Isso confunde muito os pais. Eu sempre digo que primeiro temos que deixar o filho sonhado de lado e passar a conviver com o filho real. A gente tem que adotar a criança especial, e esse trabalho, para as famílias, é muito difícil, dá muito desgaste, principalmente quando a gente perde muito tempo nesse fechamento de laudo.

Eu quero falar um pouco sobre transporte escolar em cima da deficiência das crianças. Um dos meus grandes problemas, realmente, foi o transporte escolar, porque alguns autistas apresentam problemas com relação ao som alto no deslocamento no trânsito, e, também, por eles não apresentarem, na sua aparência, escrito: “Este é autista”! Então, a escola ser perto de casa é fundamental para o desenvolvimento dessas crianças. É importante a mãe poder chegar na escola em tempo hábil, para ajudar a fazer uma intervenção, e esses pais serem escutados, tendo retornos após as avaliações escolares. Eu faço isso com os meus filhos. A equipe multidisciplinar vai lá, a gente conversa para ver o que está faltando: a criança não está conseguindo se expressar em público, a criança não consegue dizer o que quer? Então, a equipe trabalha esse aspecto na criança, e, em conjunto - família, escola e equipe multidisciplinar -, procura-se um melhor caminho para aquela criança.

Também vejo como prioridade a capacitação dos médicos na rede pública. Claro que o nosso Movimento pretende promover palestras, encontros, seminários; mas, na verdade, os médicos não possuem nenhuma cadeira especializada sobre o autismo. Na época da rejeição, eu pensei: “Meu Deus, o que faz um gestor escolar fechar as portas no rosto de uma criança de três anos e outra de seis anos e dizer para uma mãe que elas não têm condições de entrar, porque o laudo médico aponta que elas estão dentro do espectro autista?” Quando a minha filha me foi apresentada, e aí eu vou pedir a ajuda da minha “neta” para ajudar a exemplificar (A oradora pega uma boneca nos braços.), ela era um bebê normal. O autismo, nos meus dois filhos, estourou aos dois anos. Então, os pais levam um tempo para procurar ajuda médica. As pessoas esperam olhar para a criança e encontrar o autismo, mas isso não acontece. O autismo em grau leve foi conceituado há pouco, faz cinco ou seis anos que o laudo das crianças de grau leve está sendo fechado aqui no Brasil. Essas crianças, muitas vezes, são aquelas que são inteligentes, que são excluídas pelo grupo e passam um tanto isoladas na escola, até por serem inteligentes, por não saberem se expressar em público, não entenderem a piada dos colegas, terem dificuldade de fazer amigos, de se posicionar, e é com isso que as terapias e a intervenção precoce trabalham.

Primeiramente, foi diagnosticado autismo severo no meu filho, com possibilidade de haver deficiência mental. Bom, para uma mãe, isso é um choque! Eu perguntei ao médico para onde eu correria. Ele disse que era para terapias. Hoje, depois de um ano, ele é um autista moderado, incluído em escola regular, que entra correndo atrás da professora e é o primeiro a dar a mão a ela. Ele é muito bem aceito por todos os colegas. A gente acha que os coleguinhas vão fazer discriminação, mas isso não vem deles; também não vem dos professores, porque senti um acolhimento enorme. Senti também, nas coordenações pedagógicas das escolas, a vontade de aprender. O que eu senti foi que os gestores escolares tinham medo de recebê-los. De nada adianta os gestores escolares participarem de palestras sobre bullying, se eles, na hora da matrícula, praticam bullying contra seus alunos, preocupados com a média do Enem, com a imagem da escola. Escola boa é aquela que recebe a todos; escola boa é aquela que tem, na sua turma, os mais diferentes rostos. Professor bom é aquele que consegue prender a atenção de todos e respeitar a individualidade de cada um.

Na época em que houve rejeição pelas escolas, eu passei uma noite acordada e escrevi um texto sobre inclusão escolar, e eu gostaria de dividi-lo com os senhores. Eu queria entender o que é esse idealismo que temos sobre inclusão, porque, no momento em que tu queres fazer um trabalho com paixão, vários profissionais são chamados de idealistas, mas é o idealismo que move o mundo. Eu vejo que a inclusão escolar é lei, mas não é cumprida no nosso Estado, que é um dos únicos, os últimos do Brasil, que não possuem uma Promotoria especializada em pessoas com necessidades especiais. Cai tudo na Vara da Infância e da Juventude. Nós, mães, quando batemos na porta a Ministério Público, somos convidadas a entrar com uma ação individual de danos morais, e eu acho que esse não é o melhor caminho. O caminho é sempre o do atendimento, o caminho é sempre o do diálogo, é sempre o da conversa, transmitindo informação.

Eu sempre digo que, quando as mulheres começaram a estudar junto com os homens, elas foram alvo de críticas; quando os negros passaram a estudar junto com os brancos, tudo foi alvo de muita preocupação; e, hoje, a inclusão é lei, mas ela é o alvo do “não sei se dá para fazer”. Um olhar acolhedor para essas crianças é a melhor saída. Então, eu vou ler o texto “Quando pensarmos em Inclusão” (Lê.): “Quando pensarmos em educar, que possamos permitir que nos eduquem. Para ensinar, é mais importante estar disposto a aprender com o aluno do que lhe transmitir sabedoria. Orientar o pequeno-grande, o gordinho-magrinho, o observador deficiente visual, o atento autista e o branco-indiozinho de cabelo pixaim. Quando pensarmos em ensinar, que despertemos o interesse, a vontade de saber dos mais diferentes rostos. Que o futuro matemático se sinta à vontade para aprender poesia na aula de Literatura, que o esportista se arrisque em uma experiência de Física e que o futuro neurologista vibre por ter feito um gol de bicicleta na aula de Educação Física.

“Quando pensarmos em orientar, que seja em direção a um mundo consciente de sua diversidade, de que o limite do aluno muitas vezes é o que acreditamos ser. Que se possam comemorar aqueles que ajudam os demais, os que com dificuldade se deslocam à sala de aula e que com preocupação se lembram da ausência do professor. Quando pensarmos em conhecimento, que pensemos menos na média alta e mais em conhecer como o aluno se sente dentro da família-escola. Que ele possa lembrar com saudades de todos, e não somente dos colegas. E que o adulto futuro mostre, com entusiasmo, aos filhos onde estudou. Quando pensarmos em grupo, que possamos escolher o melhor para todos, e não para uma minoria. Que possamos admirar a diversidade e que, ao pensarmos sobre ela, venha de imediato à nossa mente que, em algum momento de nossas vidas, gostaríamos de estar mais incluídos.

“Que possamos olhar para os nossos filhos/alunos com orgulho e certos de que ensinamos que as diferenças existem, o que será a garantia para a nossa aceitação futura. Pois amanhã não teremos a mesma aparência, o mesmo tempo de aprendizagem, o mesmo vigor físico, porque teremos envelhecido. E, se o filho/aluno não aprender essa lição, olhará para nós e dispensará o que lhe é diferente, porque ensinamos que o que não se encaixa nos padrões é dispensável à convivência social”.

O nosso grupo agradece o espaço. A gente está mobilizando pela primeira vez o Rio Grande do Sul, iluminando o Gasômetro, nos dias 1º e 2, com a luz azul, que é o símbolo do Movimento. Estaremos na Redenção, pela manhã, no sábado e no domingo, distribuindo balões da cor azul, para as crianças carregarem o balão dos nossos filhos especiais. Haverá concentração, à tarde, no Gasômetro, sábado e domingo também. No sábado, haverá um abraço simbólico no Gasômetro; no domingo, haverá uma caminhada ao meio-dia. Os senhores estão todos convidados. Quem quiser comparecer e aderir à nossa causa será muito bem-vindo. Muito obrigada. (Palmas.)

 

(Não revisado pela oradora.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Parabéns, Alessandra. Convido-a para compor a Mesa dos trabalhos e, de imediato, abro a palavra para os Srs. Vereadores.

O Ver. Nelcir Tessaro está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. NELCIR TESSARO: Srª Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, público que nos assiste, quero cumprimentar aqui a Alessandra pela bela explanação, cumprimentar o Marcelo, a Paula e demais integrantes do grupo que se fazem presentes nesta Casa para colocar aos nossos colegas Vereadores o trabalho que vêm desenvolvendo e também as suas ações. Eu e a Presidente já viemos de azul hoje, não é Presidente? Já estamos nos engajando à campanha que vai ocorrer no próximo sábado e domingo nesta Cidade, fazendo com que a Cidade se transforme nesta cor azul - mas um azul claro, não é o outro azul, não confundamos! -, para que a população gaúcha possa entender e saber o que é este movimento.

A Presidente, no ano passado, quando eu estava Presidente desta Casa, trouxe diversos representantes, Alessandra - mães, pais e diretores de instituições -, em defesa de pessoas com necessidades especiais, justamente para que se promovesse a inclusão escolar, a inclusão social. Nós sabemos, hoje, da dificuldade que têm essas pessoas, principalmente quando se trata do autismo. Foi muito bem detalhado aqui que a maioria desconhece essa disfunção e, talvez, por desconhecer, não a percebe, mas tão logo nasça, ainda pequena, a criança precisa de um trabalho especial. Sabemos da dificuldade de fazer alguém entender que ele pode se dedicar um pouco mais e atender àquelas crianças.

Estive lendo a coluna do radialista Sérgio Zambiasi no Diário Gaúcho, e ele está engajado. Com o título “Você sabe o que é o autismo?”, ele detalha a realidade do autismo; ainda em outra coluna coloca: “Superando barreiras”. São barreiras que temos de superar. A sociedade não pode mais conviver com barreiras, como quando se chega a uma escola e dizem: “Não, mas o teu filho não pode ser recebido, porque nós não temos condições de dar o atendimento que ele merece ou de que necessita nesta Casa”. Então, prefere-se sempre fazer a exclusão a trabalhar um pouco mais para fazer a inclusão e, assim, fazer uma sociedade mais justa.

Por isso, quando fui procurado, senti-me sensibilizado e feliz por estar defendendo uma causa muito importante e que aparece pela primeira vez em Porto Alegre, sabendo que temos neste País dois milhões de pessoas - crianças, jovens e adultos - com autismo, sabendo que são setenta milhões de pessoas no mundo. A ONU instituiu o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, ao qual Porto Alegre não pode ficar alheia. A nossa Câmara de Vereadores não pode ficar alheia justamente a esse evento, que vai fazer com que a Cidade mude. Eu ia até sugerir, Srª Presidente, que colocássemos no dia de amanhã, na frente da nossa Câmara, algum pano, alguma bandeira de cor azul. No sábado, poderíamos estar com a nossa bandeira. Assim, a sociedade gaúcha e porto-alegrense, ao passar pela nossa avenida, perguntará por que estamos com essa cor azul. Aí, logo adiante, vão ver o Gasômetro, assim todo mundo buscará entender. Que no dia a dia, nos próximos dias e nos próximos anos, cada vez mais, a população possa se engajar nisso.

Gostaria de convidar os colegas Vereadores para a grande caminhada que haverá no domingo, dia 3, ao meio-dia, no Brique da Redenção, no nosso Parque. Essa caminhada será muito importante, porque sabemos que tantos e tantos gaúchos passeiam ali no domingo, e esses que vão passear nesse domingo vão estar ali vendo essa ação muito importante para a Cidade, essa ação de um grupo de pais que hoje sentem a dificuldade em relação à inclusão social, uma dificuldade que paira sobre as escolas em Porto Alegre. Tenho certeza de que esta Câmara poderá buscar, com a nossa Secretaria de Educação e outras instituições, quebrar essas barreiras. Superando as barreiras é que vamos vencer e fazer com que haja essa inclusão social, essa inclusão escolar, fazer com que haja uma sociedade mais justa.

Assim sendo, quero lhe agradecer, Srª Presidente, por atender ao meu pedido de, na temática desta quinta-feira - que antecede ao grande evento que Porto Alegre vai receber no sábado e no domingo -, que fosse proporcionado aos nossos Pares conhecimento sobre o tema, para que a nossa sociedade gaúcha possa se envolver cada vez mais, assim nós vamos superar nossas barreiras. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Srs. Vereadores, há a sugestão de fazermos depoimentos mais ágeis. Eu pergunto aos próximos inscritos se podemos trabalhar com dois ou três minutos. (Pausa.) O Ver. Adeli diz que não, ele quer usar o tempo de cinco minutos. Então, faremos, no microfone de apartes, mais inscrições com tempo menor.

O Ver. Adeli Sell está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ADELI SELL: Boa-tarde a todos. Não falo apenas em meu nome, também me solicitou o nobre Líder do PSB, Ver. Airto Ferronato, para eu falar em seu nome; eu creio que aqui, minhas queridas, estou falando por muitas e muitas pessoas.

Aproveitei a sua fala para já colocar nas redes sociais, no Twitter e no Facebook, o convite para participarem da manifestação que haverá no sábado e domingo pela manhã, no Brique, e, à tarde, na Usina do Gasômetro. Eu até vou sugerir à Mesa Diretora na segunda-feira, Srª Presidente, que a gente, quando houver este tipo de evento - Ver. Toni Proença, meu parceiro também na Mesa, junto com outros que não estão aqui neste momento -, possa efetivamente se antecipar. Hoje nós poderíamos estar aqui todos engalanados com o azul, já para fazer essa marca. Porque esse tipo de coisa, como disse o Ver. Nelcir Tessaro, chama a atenção. Se nós colocarmos um grande pano azul na frente da Câmara... Hoje nós podemos botar um pano de TNT, baratíssimo, nós podemos com dez, doze reais já botar uma grande faixa - temos que pensar exatamente em chamar a atenção -, isso é extremamente fácil, Ver. João Dib. De fato, o que foi colocado há pouco aqui é uma dura realidade.

Inclusive, eu queria convidar o pessoal, porque, amanhã, eu realizo aqui na Câmara, às 18h30min, um colóquio sobre educação infantil. Então, se uma de vocês pudesse vir, é um público muito seleto, de escolas. Poderíamos até depois fazer cópias do convite e distribuir, porque isso vai atingir exatamente as escolas infantis, as creches comunitárias, e é lá que começa o problema real, porque é ali que as crianças começam.

Essa sua história é deveras marcante, vemos que não é uma exceção. O preconceito é algo impressionante, ele se dá por falta de conhecimento. Sabemos o quanto essas crianças são efetivamente especiais, e temos que buscar o seu espaço, que é o espaço da sociedade, porque quem fica apartado da sociedade, assim como um cadeirante que não consegue... Ontem, ainda, passei para a EPTC, porque acho que a EPTC é que deveria cuidar... Na verdade, acho que a Secretaria Municipal de Acessibilidade é desnecessária, deveria ser um departamento da EPTC. Eu acho que essa Secretaria não resolveu nenhum problema; pelo contrário, aos problemas de acessibilidade acresceram-se outros. Há dias colocaram uma sinaleira na Cidade, exatamente na faixa de segurança, mas não há acessibilidade para o cadeirante. Assim eu vejo que há barreiras.

E há barreiras para os surdos. Inclusive, eu quero aqui já anunciar que nos próximos dias estarei apresentando uma alteração numa lei aqui existente sobre o tema surdos, que é outro segmento importantíssimo da sociedade, maior do que a gente imagina. Em vez de eles terem uma só língua, como nós, eles têm o Português e a Libras como sua língua, eles têm, na verdade, duas línguas. Os surdos são, por essência, bilíngues. Nós estamos colocando todas essas questões, porque elas vêm num somatório. Precisamos fazer um grande movimento de inclusão: inclusão pessoal, inclusão coletiva, social, de sustentabilidade e de muita solidariedade. Nós precisamos, sim, continuar com o tipo de atividade que estamos fazendo aqui, nesta quinta-feira à tarde.

Fiquei muito feliz ao te ver, pois tu já trabalhaste conosco aqui na Câmara, e agora te vejo à frente de uma instituição, com muita ousadia, muita determinação! Não só hoje, não só amanhã ou no sábado e domingo, estaremos juntos 365 dias por ano e por toda a vida, porque a tua luta é meritória. Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. Aldacir José Oliboni está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ALDACIR JOSÉ OLIBONI: Saúdo a nossa Presidente, Verª Sofia Cavedon; a nossa convidada, Srª Alessandra Araújo Gudolle; todos os colegas, Vereadores e Vereadoras, e a comunidade aqui presente. Falo também em nome da Verª Maristela Maffei, do PCdoB, que seguidamente está aqui em virtude da colaboração do PPS. É importante todos os nossos Vereadores estarem aqui propondo alternativas para o Poder Público. A Alessandra trouxe, com certeza, algumas provocações interessantes, porque, às vezes, o Poder Público resolve se for instigado ou provocado.

Essa ideia da discriminação existe para todos aqueles cidadãos e cidadãs que, de certa forma, possuem algum tipo de deficiência. Em tese, não seria nem deficiência; sabemos que hoje mais de 14% da população brasileira tem algum tipo de deficiência; sabemos que há, no Rio Grande do Sul, mais de 1,5 milhões de pessoas que têm algum tipo de deficiência e que deveriam ser incluídas num programa diferenciado. O Ver. Elói, que há pouco tempo estava no Governo do Estado, sabe que a FADERS cuida dessa área, dessa problemática, e com certeza o Estado e o Município deveriam ter um compromisso e um trato muito melhor em relação a isso. Aqui em Porto Alegre, o Governo tomou a iniciativa de criar a Secretaria Municipal da Acessibilidade e Inclusão Social, mas nós sabemos que ela não dispõe sequer de um 1% de recursos da Peça Orçamentária. Eu acredito que todos os Secretários dessa Pasta têm uma enorme dificuldade até para rebaixar o meio-fio onde deve ser rebaixado, imaginem então para desenvolver políticas de inclusão e de assistência - que é o principal -, que deveriam ser implementadas.

Ouvimos de alguns Vereadores, mais pontualmente dos que trabalham na área da Saúde, a enorme dificuldade que enfrenta uma família que não tem uma renda adequada, vamos dizer assim, para encontrar uma medicação para uma pessoa que tenha certa deficiência física ou não; a família tem dificuldade de comprar, sim, a medicação. Então, não se trata só do que a Alessandra trouxe - de ter um especialista ou alguém que, de fato, entenda dessa área para poder dar um tratamento diferenciado -, acho que o Município deveria trabalhar com essa temática de forma muito mais qualificada dentro da Secretaria de Acessibilidade e Inclusão Social em conjunto com o Estado através da FADERS. Hoje a FADERS, que atua em todo o Estado, embora tenha um orçamento anual de nove milhões e pouco... Ontem mesmo eu conversava com o Cláudio, que é Presidente da FADERS, e ele me colocava sobre essas dificuldades, mas eles querem ampliar essa relação.

Inclusive eu te proponho, Alessandra, que, se for do intuito da entidade, depois desses encontros que acontecerão no final de semana, até para sensibilizar a opinião pública e para dizer o que é o autismo... Eu participava dessa reunião com o Cláudio sobre os que hoje trabalham com a síndrome do x-frágil, e, às vezes, essa síndrome é confundida com o autismo e com outros tipos de deficiência. Então é preciso, sim, que essa síndrome seja compreendida e entendida por aquelas famílias que, por sua vez, acham que eles são superdotados; eles não deixam de ser, mas precisam de um cuidado diferenciado.

Em nome da Bancada do PT, eu queria me somar a essa tua luta, à luta de vocês. Quero dizer que a Câmara de Vereadores precisa, sim, ser provocada para apoiar e criar políticas nesse sentido, políticas que vão ao encontro de uma humanização melhor e de um acompanhamento melhor, porque muitas e muitas famílias não têm acesso e não têm esse acompanhamento, muitas vezes têm até dificuldade de entender o que é o autismo, a síndrome do x-frágil e tantas outras que acometem as pessoas. Parabéns! Seja bem-vinda!

 

(Não revisado pelo orador.)

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. Nilo Santos está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. NILO SANTOS: Srª Presidente, Verª Sofia Cavedon; cumprimento também a Alessandra, as Sras Vereadoras, os Srs. Vereadores, os senhores e as senhoras. Na realidade, venho fazer uma solicitação, tendo em vista que nós temos, no nosso País, movimento para tudo. Quando surge um movimento para preservação da vida, quando surge um movimento para auxiliar exatamente naquilo que a pessoa tem de mais precioso, que é a sua vida, Srª Presidente, nós temos que concentrar todas as nossas forças, todas as nossas energias. Eu me emociono com esse assunto, porque tenho uma família amiga que tem uma criança autista, e eu acompanhei o drama dessa família, inclusive para conseguir colocá-la numa creche. Eu acompanhei o drama, Deus me deu a graça de ter a possibilidade de auxiliar com parte do dinheiro para poder pagar um extra para que pudessem oferecer o atendimento. Porque é assim, Ver. Adeli Sell: geralmente tem que bancar um extra exatamente para que a creche ou a escola possa se adequar.

Então, Srª Presidente, o meu pedido é no sentido de que a Mesa Diretora desta Casa possa estudar uma forma de auxiliar na divulgação das campanhas, assim como está auxiliando na divulgação da campanha da eleição do Conselho Tutelar; que esta Casa possa ser um instrumento a ser utilizado por este grupo, que esta Casa possa se envolver na divulgação, colocando à disposição os gabinetes, até mesmo, Srª Presidente, ver sobre a possibilidade de colocar à disposição a própria cota do gabinete, para que esse grupo possa, então, continuar lutando para que o bem mais precioso que as crianças têm, que essas pessoas têm, que é a sua vida; para que esse grupo possa crescer cada vez mais e chamar a atenção de toda sociedade. Srª Presidente, é este o encaminhamento que eu quero dar, é esta a solicitação que eu gostaria de fazer: que esta Casa possa contribuir com material; contribuir com o que for possível, para auxiliar o trabalho dessas pessoas.

Parabéns, Alessandra; parabéns a todos; parabéns às mães que têm filhos autistas, porque elas foram presenteadas por Deus! São mulheres escolhidas por Deus, porque somente pessoas escolhidas por Deus, com um dom todo especial, conseguem cuidar de pessoas com essa necessidade. Parabéns mais uma vez! Obrigado pela oportunidade de me manifestar nesta tarde. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. Tarciso Flecha Negra está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. TARCISO FLECHA NEGRA: Boa-tarde, Srª Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras. Alessandra, parabéns a você e às suas amigas nas galerias, estou vendo todo o mundo vestido de azul. Alessandra, eu me debrucei sobre a Mesa da Presidência e fiquei ouvindo a tua fala. Olha, a tristeza que toma conta do meu coração é muito grande. Eu quero parabenizar o Ver. Nelcir Tessaro por ter trazido este tema à Casa. Eu não vou falar cientificamente ou tecnicamente, porque conheço muito pouco sobre o autismo. Tenho três amigos que têm filhos autistas, e eu só sei de uma coisa, disto eu tenho certeza: essas crianças são especiais! Elas precisam de carinho, de carinho, de carinho, de amor. Esse preconceito e essa discriminação são de uma maldade muito grande. Nós, negros, sofremos muito, ainda sofremos, mas eu não vim aqui falar dos negros, eu vim aqui falar das crianças que têm autismo.

Eu quero dizer, Ver. Nilo Santos, que a bandeira da Bancada do PDT é a inclusão social. Eu fico pensando: “Eu não sei que inclusão é esta, num País que se diz de Primeiro Mundo”. Será que existe outro mundo? Isto é ser um país de Primeiro Mundo, ter preconceito contra tudo? Eu não sei que mundo é este em que vivo. O Brasil está chegando agora a ser um país do Primeiro Mundo, e o preconceito continua, essa discriminação fortíssima continua. Em nome da nossa Bancada do PDT - Ver. Mauro Zacher, Ver. Dr. Thiago Duarte, Ver. Mario Fraga, Ver. Luciano Marcantônio -, quero dizer que essa é a nossa luta. E quero dizer mais, Ver. Nilo Santos: conte com este Vereador em tudo. Ver. Aldacir José Oliboni, já temos medicamentos gratuitos para os diabéticos, para hipertensão, por que não, agora, em relação ao autismo? É uma obrigação, está na Constituinte, é uma obrigação do Governo.

No Dia do Diabetes - a nossa Presidente lembra bem -, o Presidente era o Ver. Sebastião Melo, eu pedi que iluminasse toda a Câmara de azul. Há umas lâmpadas aí maravilhosas para iluminar a Câmara de azul. Podemos fazer isso, Srª Presidente. É uma sugestão, é um pedido, que a gente ilumine a Câmara de azul para marcar o dia 2 de abril. Vamos parar com a demagogia barata, vamos parar com esse negócio de país de Primeiro Mundo, que não tem nenhum pouquinho de sensibilidade. Eu creio que, aqui na Câmara de Vereadores, tu vais ter acolhimento dos 36 Vereadores. Obrigado, Presidente. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidente, Verª Sofia Cavedon; Srs. Vereadores, minha cara amiga Alessandra Araújo Gudolle e demais pessoas que nos acompanham neste momento, ensinando-nos o que é autismo; há menos de duas décadas eu não sabia o que era autismo, e é de estranhar que no mundo, onde simultaneamente nós recebemos milhares de informações instantaneamente - aconteceu lá no Japão, aconteceu em qualquer lugar, nós ficamos sabendo na mesma hora -, muita gente, como eu há duas décadas, continue não sabendo o que é o autismo.

Fiquei sabendo o que era o autismo através de um casal amigo que tinha um filho autista. Eu fui acompanhando por algum tempo os progressos dele; passaram-se alguns anos sem que eu visse nenhum dos dois e, há poucos dias, encontrei, num supermercado, a mãe e perguntei: “Como é que está o menino”? “O menino é um homem agora, não tem mais nada, recuperou-se de tudo.” Mas ele não sofreu o problema da exclusão; sua mãe era professora da Prefeitura, talvez por isso tenha tido mais facilidades para que o filho fosse acolhido e recebesse assistência. Acho que a solidariedade no mundo não é muito grande, não. Ficamos solidários com a enchente de São Lourenço, com o problema no Rio de Janeiro; nesses momentos lembramos de solidariedade, mas solidariedade também é conhecimento, porque, quando se conhece algo, isso talvez possa ajudar até a descobrir o que pode ajudar. Muitas vezes não conhecemos.

Então, quero cumprimentar o Movimento Autismo & Vida, quero desejar sucesso a todos nessa caminhada! Que consigam infundir conhecimento do problema à nossa população! Acho que a ideia do Ver. Adeli Sell é excelente; o núcleo, o círculo de pessoas que ele trará nessa reunião é capaz de fazer aquela comunicação necessária do que é o problema e ajudar bastante. Eu sei que amanhã vocês estarão representados aqui.

Quero também pedir a Deus que os teus filhos, em primeiro lugar, se recuperem o mais rapidamente possível, assim como o filho do meu amigo se recuperou. Também os filhos de todas aquelas mães! A mãe sempre sofre muito mais, a mãe sente muito mais que o pai, às vezes o pai, até por dificuldades que enfrenta, por atividades que ele tem, não chega a sofrer do mesmo jeito. A mãe está no dia a dia, momento a momento, sofrendo, sofrendo, sofrendo. Eu espero que Deus ajude e que esse sofrimento, para muitas pessoas, desapareça. Saúde e PAZ! (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. Dr. Raul Torelly está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) Ainda não conseguiu voltar.

O Ver. Luciano Marcantônio está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. LUCIANO MARCANTÔNIO: Srª Presidente, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, cidadãos presentes aqui no Plenário, dia 2 de abril é o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, decretado pela ONU. O debate sobre as questões que envolvem a inclusão social também das pessoas com deficiência é importantíssimo que aconteça cada vez mais. Infelizmente, no Brasil, as políticas públicas para esse segmento tão grande - que chega a aproximadamente a 15% da nossa população - são muito pequenas, muito limitadas.

Eu tive o privilégio, no Governo Rigotto, de ter sido o Diretor de Recursos Humanos da Fundação de Proteção Especial, que é parte da ex-FEBEM, que trata da abrigagem das crianças e dos adolescentes em situação de risco, vítimas de violência, ou seja, em vulnerabilidade social. Muitas dessas crianças têm deficiência intelectual e são muito bem atendidas por esses abrigos, por funcionários do quadro, especializados no atendimento a pessoas com deficiência. No decorrer desse meu trabalho, o Governador Rigotto nomeou-me membro fundador do Conselho Estadual das Pessoas com Deficiência.

Eu sou autor de oito Projetos de Lei que estão tramitando nesta Casa, projetos que procuram, cada vez mais, ir ao encontro daquilo que todos nós pensamos aqui, que é a inclusão social das pessoas com deficiência, mas, principalmente e acima de tudo, fazendo com que a pessoa com deficiência possa ser respeitada, tenha um espaço digno; que ela, através do seu trabalho, gere a sua renda e, assim, tenha o seu orgulho, a sua dignidade, a sua autoestima preservada.

Acredito que este é o Projeto de Lei mais importante dos meus oito que tratam da inclusão das pessoas com deficiência - ele visa à conscientização, propõe o cadastramento, a preparação, a qualificação, a inserção e o acompanhamento da pessoa com deficiência no mercado de trabalho -, porque hoje as políticas públicas, nesse sentido, são ainda escassas. Antes de organizar, de elaborar o Projeto, estive em todas as áreas públicas que tratam da questão da pessoa com deficiência: na FADERS, na Secretaria da Acessibilidade, no Sine de Porto Alegre, no Sine Estadual, na Superintendência Regional do Trabalho. Falta muita ação para nós termos a possibilidade de inserir as pessoas com deficiência no mercado de trabalho. E o Projeto de Lei objetiva criar um programa exatamente para preencher essa lacuna, essa falha, para nós conseguirmos, então, inserir as pessoas com deficiência, dar uma oportunidade para que elas produzam, para que elas realizem as atividades e, com isso, ganhem o seu salário, saiam de dentro de casa e ganhem seus espaços merecidos na sociedade.

Movimentos como o Movimento Autismo & Vida merecem todo o nosso apoio, merecem que a opinião pública e os formadores de opinião destaquem atitudes como essas, porque existe um preconceito do deficiente com ele mesmo, um preconceito da sociedade com o deficiente, e nós temos que vencer essa barreira, quebrar esse paradigma. Precisamos cada vez mais fazer com que as pessoas que não têm deficiência se relacionem com a pessoa com deficiência; assim, nós vamos ter uma sociedade cada vez mais justa, uma sociedade que se orgulha dos seus valores morais e éticos. E vamos fazer com que as pessoas com deficiência tenham o seu espaço merecido, com respeito e dignidade na nossa sociedade. Muito obrigado e parabéns ao Movimento. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. Idenir Cecchim está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. IDENIR CECCHIM: Srª Presidente, Verª Sofia Cavedon; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, eu tenho um casal de amigos - o Giovani e a Renata -, que tem um filho chamado Leonardo. Eles são meus amigos, e o Leonardo é autista, tem nove anos. Cada vez que visito esse casal amigo, o Leonardo me mostra uma música nova que fez no piano, cada vez ele faz as coisas melhor ainda.

Eu ouvi atentamente o Ver. Nilo Santos, eu me comovi quando ele disse que as mães são abençoadas. Eu acho que eles são abençoados, mas também as mães, o pai, o irmão, a família, todos são, porque têm um carinho especial. Agora, o que me chamou a atenção no Giovani, na Renata e no Leonardo, nessa família, foi que o Giovani me disse que era igual ao filho quando ele era pequeno. O Leonardo é filho de um autista; e o pai, hoje, é um empresário bem sucedido, um homem que venceu na vida, e eu tenho certeza de que o Leonardo também será assim.

Hoje, os que olham de fora para essas crianças pensam que eles têm problemas. É uma síndrome que precisa ser tratada como qualquer outra, é uma coisa que tem como se cuidar; precisa ter amor, precisa ter um pouquinho de conhecimento, mas, para quem tem amor no coração, o conhecimento vem ao natural. Ninguém deu curso para um pai ou uma mãe cuidar de um filho autista. Ela aprendeu desde o primeiro sintoma, ela foi cuidando, ela se entrega. Ninguém deu aula para as mães, para os pais. Os pais e as mães pegam isso como uma missão e sempre vencem. O bonito de tudo isso é que todos os pais, todas as mães se orgulham daquele filho, é isso que precisa: ter amor e ter orgulho do filho que é autista. Certamente, se todos nós olharmos de uma maneira diferente... Eu aprendi a olhar com esse olhar quando passei a conviver com esse casal e com o Leonardo; cada vez que vou visitar esse casal, ele me mostra uma música diferente. Cada um deles tem uma habilidade diferente das que a gente tem, pode ser na música. Então, vamos olhar para esse lado: a habilidade, a facilidade que eles têm para certas coisas. Vamos todos nós nos vestir de azul na Redenção, na Rua da Praia, aqui na Câmara, em todos os lugares. Vestir-nos de azul e dizer: “Eu quero e sei conviver com isso, porque eu tenho amor no coração!” Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. Dr. Raul Torelly está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. DR. RAUL TORELLY: Srª Presidente, Verª Sofia Cavedon; Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, todos os que nos assistem, faço uma saudação muito especial à Srª Alessandra, aqui presente. Quero cumprimentá-la pelo trabalho e também pelo nome, porque não é à toa que eu tenho uma filha e coloquei nela o nome de Alessandra.

Quero dizer que é muito sensibilizante a sua presença aqui. Sou médico há 30 anos nas Redes de Saúde Pública da Cidade e convivi e convivo até hoje com a situação eventualmente do autismo. A gente vê a dificuldade - em muitos casos, principalmente em relação ao autismo um pouco mais severo - de se conseguir escolas para colocar as crianças, de se conseguir transporte para essas crianças. Eu acho que a sociedade tem que ser chamada muito fortemente para participar desse processo. É extremamente importante! Todos nós temos experiências próximas, pessoais, com crianças autistas que vão do zero aos 80 anos de idade, porque muitos ficam pela metade do caminho, mas essas crianças crescem e muitas delas ficam crianças a vida toda, necessitando ser cuidadas. Neste momento, eu me recordo exatamente de duas, em especial, com quem convivi - uma já não está mais entre nós, e a outra ainda continua, já tem 50 anos de idade, e, volta e meia, a gente ainda tem certa convivência, como eu tinha com o seu pai, o Simão, excelente pessoa, que já está no andar de cima.

Nós temos que nos empenhar - do ponto de vista dos profissionais da educação, dos psicólogos, dos médicos - para que tenhamos realmente um foco em cima desta questão. Falando em foco, essa ideia do dia 2 de abril é uma ideia extremamente importante; ela já deu certo em nível mundial, essa iluminação em azul como chamamento também. Já deu certo para o Dia Mundial do Diabetes, quando também é feito isso. Eu, inclusive, cheguei a me envolver nessa situação há dois anos, quando o Diretor-Presidente do Instituto da Criança com Diabetes - também um grande amigo, o Dr. Balduino Tschiedel - solicitou que a gente iluminasse o nosso símbolo do Gaúcho; não me recordo exatamente o dia, mas, se não me engano, é dia 11 de novembro, é o dia que me vem à cabeça. O Tarciso sabe bem, nós estivemos lá com o Dr. Balduino, que também foi um parceiro naquele momento, assim como a SMOV, que fez um esforço também nesse sentido, para que a iluminação ali fosse colocada. E sabemos a necessidade que essas pessoas têm, principalmente as crianças com diabetes infantil ou infanto-juvenil - que é uma situação terrível. Essa é uma questão levada em nível mundial para alertar a sociedade.

Sobre a questão do autismo temos realmente que nos debruçar de maneira permanente, porque é uma questão permanente na sociedade, e nós não podemos, muitas vezes, botar para debaixo do tapete, que é o que acontece muitas vezes, as nossas questões mais sérias; essa é uma questão seriíssima na sociedade e merece a atenção de todos nós, de todos os serviços públicos, principalmente da área da educação. Mas isso envolve também a Saúde, envolve outras ações importantes na sociedade, como é o caso do transporte, porque muitas vezes essas crianças não são transportadas até a escola por falta de um transporte especializado.

Então, eu gostaria de deixar aqui uma mensagem pessoal - de médico, de pessoa vinculada à causa: nós estamos aqui permanentemente às ordens para o que pudermos fazer, seja em nível de projeto, de pressionarmos o Executivo, para que possamos avançar nessa matéria, porque realmente é uma situação na sociedade que precisa ser melhor vista, é uma política que deve ser melhor conduzida.

Para finalizar, eu gostaria de saudar a presença de um grande amigo que retorna a Porto Alegre depois de muitos anos, ele está aqui nos acompanhando hoje: o Jorge Paim, que é uma pessoa do marketing estratégico, para dar a sua contribuição a Porto Alegre. Um grande abraço a todos e saúde.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. Toni Proença está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. TONI PROENÇA: Srª Presidente, Verª Sofia Cavedon; Alessandra, que nos brindou hoje com muita informação, com uma aula de carinho, amor e dedicação não só aos filhos, mas a todos aqueles que possuem necessidades especiais. Eu quero cumprimentar o Ver. Tessaro pela iniciativa de ter trazido este tema para a Casa.

Eu ouvi atentamente o pronunciamento de todos e chamou-me muito a atenção o pronunciamento dos Vereadores Nilo Santos e Adeli. Presidente, em relação à provocação que nos foi feita, de que a Casa poderia se engajar nesse processo de mobilização e de informação à sociedade, como diz o Ver. João Dib, imediatamente, através da TVCâmara e pela Rádio Web, quero dizer que isso seria fácil, pois a TVCâmara tem uma bela audiência, é um veículo de rápido acesso, portanto seria um instrumento importantíssimo de divulgação não só da causa como também da campanha do 2 de abril, a campanha do azul. Até havia uma música no meu tempo - acho que o Ver. Dib lembra: “Me vesti de azul; minha sorte, então, mudou”! Não era assim, Vereador? Nem sei de quem é essa música! Para mim, não é difícil estar vestido de azul, porque eu gosto muito do azul.

Alessandra, a gente se emociona, toca a gente, quando vemos uma mãe dedicando o seu tempo não só à causa dos seus filhos, mas a uma causa coletiva como esta. Chama-me muito a atenção que os principais problemas decorrem da falta de informação, numa sociedade em que a informação, como diz o Ver. Dib, é instantânea em todos os quadrantes deste planeta. Às vezes, até quando há astronauta fora do planeta, a gente recebe a imagem on line. Então, causa espécie saber que ainda há discriminação, que as pessoas ainda sofrem por falta de informação.

Então, o mínimo que acho que esta Casa pode fazer, além de propiciar este espaço - uma bela iniciativa do Ver. Tessaro - para o seu pronunciamento e do grupo do Movimento Autismo & Vida, é possibilitar a utilização da TVCâmara, um instrumento que pode ser usado, e imediatamente haverá efeitos benéficos para essa causa. Quando houve aquele caso dos mineiros lá no Chile, eu lembro que perguntaram ao Presidente chileno porque aquilo estava despertando tanta atenção no mundo todo, e ele respondeu que, na sua opinião, aquilo despertava atenção porque ali se contavam histórias individuais. Aquilo me marcou muito; é verdade, quando a gente conhece histórias individuais, quando a gente conhece a história de cada um, a gente passa a se interessar mais pelo assunto do que simplesmente quando há uma causa coletiva, quando a gente não conhece ninguém.

Eu, o Cecchim, o Nilo e outros que me antecederam aqui temos um amigo - hoje ele é meu amigo, antes era filho de um amigo -, um menino, hoje com 17 anos, que já escreveu o seu primeiro livro. Se eu der o livro para qualquer pessoa ler, não se nota nenhuma necessidade especial, a não ser o que ele nos oferece: carinho, atenção e amor. Eles nos devolvem, numa proporcionalidade exponencial, o carinho, o pouco carinho e até a discriminação que recebem em carinho, amor e uma compreensão do mundo que nos espanta. Parabéns pelo trabalho! Contem com esta Câmara de Vereadores!

 

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. Dr. Thiago Duarte está com a palavra em Comunicações.

O SR. DR. THIAGO DUARTE: Presidente, ilustre convidada, ilustre grupo que leva a causa do autismo à frente, acho que os exemplos singulares, como bem trouxe o nosso Ver. Toni Proença, são muito importantes para que possamos caracterizar a situação que acaba acometendo muitos pacientes. Certamente, falo em nome de todos do meu Partido - o Tarciso já se manifestou: em nome do Mario, do Luciano e do Mauro. Eu queria trazer um pouco de informação e fazer com que a nossa comunidade - que é bem heterogênia -, que nos assiste pela TVCâmara e nos ouve pela Rádio Web, possa também compreender o que estamos falando.

O autismo é um transtorno global de desenvolvimento que, basicamente, apresenta três características: uma dificuldade, muitas vezes, de interação social; uma dificuldade de dominar a linguagem e os jogos simbólicos; um padrão de comportamento que pode ser, em algumas situações, restritivo e repetitivo. Mas, como muito bem disse aqui o Ver. Toni, o grau de comprometimento pode ser muito variável. Pode haver, como falou o Ver. Luciano Marcantônio, o estigma do preconceito, talvez um dos maiores limitadores para as doenças de sofrimento psíquico, das doenças neurológicas, das doenças psiquiátricas. O grau de comprometimento pode ser muito variável: vai desde graus mais leves - podendo não haver comprometimento nem da fala e nem da inteligência - até formas graves, em que o paciente se mostra incapaz de manter qualquer tipo de contato interpessoal.

O autismo acomete pessoas de todas as classes sociais e etnias - infelizmente, é extremamente democrático -, e há um predomínio, em algumas raças, em algumas comunidades, mais de meninos do que de meninas. Os sintomas, e aí é uma coisa que é importante a gente referir, podem aparecer nos primeiros meses de vida, mas dificilmente são identificados precocemente, o diagnóstico ocorre entre três e cinco anos. Na adolescência e vida adulta, as manifestações do autismo dependem de como as pessoas conseguiram aprender as regras sociais, como essas pessoas se inserem nas suas comunidades, para que elas possam ter, sim, um desenvolvimento com adaptação e com autossuficiência.

Até o momento, o tratamento vem muito na linha da adaptação social e da reabilitação. Claro que sempre que possível é interessante, como vemos em muitas comunidades... Por exemplo, lá na Restinga, a gente observa muito no Colégio Tristão Sucupira, no qual nós temos uma ação muito direta; a adaptação depende muito do grau de autismo e da inserção precoce ou não nessas comunidades. Muitas vezes, o que se deseja é inserir esse indivíduo com autossuficiência na sua comunidade, mas é importante que nós tenhamos também equipamentos públicos aptos a conseguir tratar, recolocar, reabilitar esse jovem na sociedade, mesmo que ele tenha, algumas vezes, de ser apartado dos equipamentos públicos constituídos. O que mais me preocupa é a questão do preconceito nesse processo. Então, é importante que a gente possa vencer e evitar estigmatizar o autismo, é importante reabilitá-lo e reinseri-lo no convívio social. Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): A Verª Maria Celeste está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Srª Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, quero cumprimentar especialmente a Srª Alessandra, que está aqui motivando a nossa Câmara de Vereadores e a nossa Cidade para esta importante campanha do dia 2 de abril, Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Quero parabenizar o Ver. Tessaro pela iniciativa, trazendo esta possibilidade a todos nós.

Eu fico estarrecida com os números que nos trazem, Ver. Toni Proença - dois milhões de brasileiros vivem com autismo - e com o quanto nós ainda estamos longe de ter uma sociedade com inclusão social, efetivamente, de todas essas pessoas, não só as pessoas que sofrem com o autismo, mas, sobretudo, aquelas que têm alguma deficiência na marca da sua vida. Nós, aqui em Porto Alegre, criamos uma Secretaria para tratar, exatamente, desse tema, a Secretaria de Acessibilidade, para que o Governo se responsabilizasse pela política pública necessária, mas, lamentavelmente, não verificamos, ou não conseguimos enxergar, de forma efetiva, essa política na prática.

Todos os Vereadores que me antecederam falaram do importante papel da família, e é mesmo, pois aos pais cabe a maior responsabilidade, a de serem cuidadores, mas também ao legislador, ao Prefeito, aos Secretários cabe a necessidade de implementar políticas públicas que deem sustentação para a família. Falo disso, Ver. Tarciso, quando nós não conseguimos ver essas crianças sendo atendidas precocemente na rede de Saúde, porque sabemos da importância do diagnóstico precoce, que deve ser feito lá no Programa de Saúde da Família da Vila Santa Rosa, por exemplo. O problema, muitas vezes, não é detectado a tempo, o que poderia resgatar essa criança para uma condição de saúde, de vida melhor. Falo disso, quando, estarrecidamente, nós percebemos que a nossa rede escolar pública não está preparada para atender esse aluno com autismo, até porque são vários os problemas: a falta de qualificação profissional adequada, os limites impostos pela legislação, como, por exemplo, o limite de idade - a cronologia da criança autista é muito diferente da cronologia de uma criança que tem condição de aprendizado, que tem um aceleramento maior.

Então, essas questões pontuais do dia a dia - da dificuldade do trabalho da mãe, da família em relação ao desenvolvimento cognitivo afetivo dessa criança - impõem-se de uma forma real. E, aí, sim, precisa efetivamente haver uma campanha para alertar, Verª Sofia Cavedon, não apenas a sociedade, mas os órgãos públicos, aqueles que são os cuidadores da Cidade também, para dar incentivo à necessária política pública, para efetivamente ajudarmos essas famílias, essas crianças, todas as pessoas com necessidades especiais.

Falo da importância do dia 2 de abril, porque é um tema muito novo na Medicina e muito novo na nossa sociedade, embora saibamos que, já no decorrer da história, existiam pessoas autistas, e não se tinha a visibilidade que se tem hoje, mas ainda é necessária uma visibilidade muito maior. E a Câmara Municipal tem como contribuir, não só com a divulgação ou com a presença dos Vereadores na Campanha, mas também estimulando para que o Congresso Nacional, por exemplo, aprove o Projeto de Lei sobre o autismo, de autoria do Senador Paulo Paim, certamente nos moldes do Estatuto da Pessoa com Necessidades Especiais. Então, a Câmara pode se posicionar também, e fica aqui a minha sugestão, Verª Sofia; que possamos encaminhar ao Congresso Nacional a verificação dessa legislação: em que Comissão ela está? Há desejo do Congresso Nacional na aprovação dessa lei? Assim, estaremos também fazendo a nossa parte e contribuindo nesse processo, além de acompanharmos, junto à Secretaria de Acessibilidade do Município, qual é a política pública implementada no nosso Município para as pessoas com autismo. Acho que dessa forma, nós, como membros da Comissão de Direitos Humanos, poderemos ajudar e contribuir muito mais nessa divulgação, também fazendo a nossa parte.

Parabéns pela coragem, pela ousadia, pela garra e conte com a Câmara Municipal e com a Comissão de Direitos Humanos nessa luta, na divulgação e também na cobrança ao Poder Público para o fortalecimento da política pública para o autismo no nosso Município. Muito obrigada. (Palmas.)

 

(Não revisado pela oradora.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Com a fala da Verª Maria Celeste, nós encerramos as doze manifestações de Vereadores em Comunicações.

Antes de passar a palavra para a Alessandra, para responder ao conjunto de sugestões, quero fazer alguns esclarecimentos. Em primeiro lugar, o Ver. Tessaro, muito apropriadamente, propôs este período de Comunicações, mas foi no início desta semana, e nós iniciamos a semana com a atividade da inscrição do metrô; não tivemos, portanto, reunião da Mesa Diretora na segunda-feira, não pudemos antecipar este momento no sentido de, por exemplo, virmos todos de camisa azul. Eu tomei essa iniciativa não por sugestão do Ver. Tessaro, nosso ex-Presidente, mas porque eu sabia do dia e tinha outras motivações. Então, não é que não tenha havido intenção de socializar com o conjunto dos Vereadores; ao contrário, isso teria sido muito importante.

Em segundo lugar, quanto às sugestões de iluminação, a nossa Casa já está fazendo um processo de compra de lâmpadas LEDs, algo que atrasou um pouco em função das férias do nosso único funcionário que trabalha com iluminação. Ainda não temos como fazer a iluminação colorida, mas teremos; nós teremos outros momentos em que poderemos estar marcando com a cor.

Em terceiro lugar, a Câmara de Vereadores já é base - foi aqui que nasceu, Ver. Tessaro, e foram essas pessoas que V. Exª recebeu no ano passado, na Presidência - do Fórum Municipal de Inclusão Escolar. Queria comunicar isso ao Movimento Autismo &Vida. Esse Fórum, por três anos, realizou uma série de debates nesta Casa, e a intenção dele é a mobilização das escolas municipais, estaduais, públicas e privadas, as Secretarias, as entidades, fazendo a reflexão e a provocação da mudança para a inclusão da pessoa com deficiência. Eu quero sugerir que o Movimento Autismo & Vida e os outros movimentos que vi que assinam este documento componham, integrem o Fórum. O Fórum não é da Câmara, ele tem muitos sindicatos, ele tem uma coordenação autônoma. Os movimentos do Fórum inclusive geraram, no ano passado, uma votação nesta Casa. Nós estabelecemos a última semana de agosto como a Semana de Inclusão Escolar.

Indo além da campanha, quero abrir os nossos compromissos para que, este ano, na Semana de Inclusão Escolar, o tema do autismo seja mais debatido. Ele tem aparecido em todos os debates. Num ano, os debates eram sobre as interfaces necessárias para inclusão escolar. Nós temos a Escola Lucena Borges, que tem muitas crianças autistas e que tem mais preocupação, portanto, com essa deficiência, mas eu acho que podemos propor ao Fórum um olhar diferenciado, uma ênfase, Ver. Tessaro. Então, nós o faremos. Possivelmente, parte dessa Semana será na Câmara. O Fórum começou a se reunir. Sendo assim, faremos uma ponte para vocês integrarem. Acho que vai se fortalecer.

Todos os elementos aqui colocados, claro, têm especificidade, mas eu cito a estimulação precoce. No caso da Síndrome de Down, com a estimulação precoce, ficam muito mais potencializadas as possibilidades do portador, assim também em relação aos portadores de necessidades especiais. Então, todas essas questões levantadas aqui são muito preciosas para esse movimento como um todo. Se eu entendi, Alessandra, tu disseste que o Ministério Público não tem um atendimento específico, especializado. Quero dizer que ontem nós recebemos a visita do novo Procurador-Geral de Justiça, o Dr. Eduardo Veiga, que se colocou à disposição, e a Drª Simone vinha ampliando as Promotorias na área da Educação. Então, nós, enquanto Câmara, podemos levar esta pauta. O Ministério Público se colocou muito à disposição para o atendimento das demandas diferenciadas. Quem sabe a nova gestão do Ministério Pública organize outra forma de atendimento às famílias de pessoas com deficiência.

A Verª Celeste falava aqui da acessibilidade, da cobrança das políticas públicas. Temos em tramitação, na Casa, o Plano Diretor de Acessibilidade, que não deve ser um Plano Diretor apenas abordando a questão física da Cidade. Então, peço que nossa Diretoria Legislativa - nós temos os e-mails de vocês - lhes passe o Projeto de Lei, que está na CUTHAB e que deve evoluir para votação no início de maio. Então, ainda é possível sugestão de emendas, inclusões... E já convido o Movimento para participar da Audiência Pública do Plano Diretor de Acessibilidade, uma Audiência Pública que combinamos com o Secretário de Acessibilidade. Será no dia 28 de abril. Esse tema do acesso à escola é muito mais do que o tema da retirada de barreiras físicas e deve aparecer nesse Plano. Então, há uma série de ações que já estão acontecendo, e eu acho que, com a inclusão do Movimento de vocês, potencializa-se o movimento.

Quero parabenizá-los em nome da Casa. Vocês viram, pelo conjunto das falas dos Vereadores, que há uma grande disposição de engajamento nessa luta e convicção do quanto está certo esse caminho, essa luta.

A Srª Alessandra Gudolle está com a palavra para as despedidas e para fazer suas considerações finais.

 

A SRA. ALESSANDRA ARAÚJO GUDOLLE: Eu queria me despedir de vocês dizendo que, realmente, os meus dois filhos vieram para mim, porque eles tinham que ser meus. Eu não sou nem a metade daquela moça que circulou pela Câmara de Vereadores entregando processos nos gabinetes. Eu trabalhava na Diretoria-Geral como estudante de Jornalismo e, nos últimos meses, já estava grávida da Júlia.

Os meus filhos são meus professores diários, eles me ensinam. Eu me lembro que, na época em que houve a exclusão escolar, a Júlia me dizia: “Calma, mãe, tudo vai se ajeitar!”. Eles enxergam o mundo de outra forma. Eu costumo dizer para a Júlia que a maior deficiência é a do coração; a maior deficiência que um ser humano pode ter é a do coração. Se achar que nada nunca vai acontecer com você, nenhuma doença, nem nada, nem em um filho ou parente... A gente se assusta quando vê tantas histórias de famílias que têm uma pessoa deficiente ou que conhecem um autista. Sempre há alguém que conhece alguém, e é esse conhecimento que faz a diferença, que humaniza a criança deficiente.

Eu dei, agora, uma entrevista ao programa Vida e Saúde, e a editora me perguntou como é um autista, aí eu mandei as fotos por e-mail. Foi assim que também aconteceu a capa do jornal Zero Hora. As pessoas pensam que vão encontrar um mundo diferente, por isso eu trouxe a boneca da Júlia. Na minha casa há bonecas, carinhos, criatividade, alegria, há amor, e foram os meus filhos que me transformaram na mulher que eu sou hoje. Então, eu agradeço a Deus, todos os dias, por ser a mãe deles. Obrigada. (Palmas.)

 

(Não revisado pela oradora.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Estão suspensos os trabalhos para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 15h45min.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon - 15h48min): Estão reabertos os trabalhos. Gostaria lembrar os Srs. Vereadores da nossa Ouvidoria, hoje o Ver. Aldacir Oliboni esteve no Mercado Público. Nós estamos providenciando a reforma das instalações da Ouvidoria, Ver. Aldacir; o projeto inclusive já está feito, estão sendo realizados os orçamentos para a reforma, sei que, na segunda e na terça-feira, houve pequenas faltas. É chato, mas devo chamar a atenção dos Srs. Vereadores para que, quando não puderem ir, avisem ou escalem um colega para ir, pois é muito importante mantermos presença lá. A partir de sexta-feira, começa o mês de abril, e o Ver. Brasinha já está escalado; vou confirmar com ele a presença; senão, amanhã acompanho, para abrir o mês de abril. Estou com a planilha aqui, o Ver. Dr. Thiago já está escolhendo uma data, e eu gostaria que os demais Vereadores assim o fizessem.

 

O SR. ALDACIR JOSÉ OLIBONI (Requerimento): Nobre Presidente, conforme prometido aos funcionários que lá ficam, estou me pronunciando sobre as condições de trabalho do pessoal que fica no quiosque. Aquele quiosque foi colocado num período de urgência, as condições reais de trabalho não são nem razoáveis. Portanto, acho que deveria haver uma ação imediata de V. Exª, dando a eles a possibilidade de ter água, pelo que sei, V. Exª já sabe da existência de vários problemas. Registro que é importante, as pessoas se aproximam quando veem o Vereador e valorizam aquele espaço. Se nós temos aquele espaço... Obviamente, é boa a sua ideia de fazer esse revezamento, através da disponibilização de um horário para os Vereadores, que é do meio-dia à uma hora. É o mínimo que podemos fazer. Parabenizo-a pela iniciativa, mas é importante dar estrutura para aquele pessoal que fica lá. Muito obrigado.

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): É verdade, Ver. Oliboni. Desde a primeira visita, no mês de março, nós identificamos as dificuldades, só que a reforma não é uma coisa simples. Estamos fazendo orçamentos, já está tudo organizado. Estaremos também incluindo uma estante de livros no nosso quiosque e estamos providenciando a compra de uma pequena geladeira. Eles têm água, mas não têm água gelada, e isso será resolvido.

O Ver. Nilo Santos está com a palavra.

 

O SR. NILO SANTOS: Se for um requerimento do Ver. Oliboni, eu voto “sim”.

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Está aprovado. Lembro aos Vereadores que puderem comparecer que amanhã teremos a Câmara na comunidade novamente. Amanhã é dia 1º de abril, mas a Câmara segue firme, visitará duas comunidades atingidas pelo Pisa, o Programa Integrado Socioambiental: a Vila Cristal, aqui no Cristal, e a Vila Nossa Senhora das Graças, onde as obras começaram, e há uma série de reivindicações. O Governo Municipal tem nos acompanhado, reforcei com o Prefeito Fortunati que todas as Secretarias acompanhem, e hoje, Ver. Dr. Thiago Duarte, o próprio Fortunati acompanhou uma atividade da COSMAM. Parabéns pela atividade do transporte fluvial! Acompanhei um trecho, acho que a nossa Câmara muito presente na comunidade faz toda a diferença. Todos nós e a democracia estão se beneficiando com essas ações. No sábado passado, eu sei que a CUTHAB esteve na Vila da Conquista.

Então, todas essas ações somadas dão credibilidade à nossa instituição e trazem resultados aos nossos cidadãos, inclusive, a ação da CPI, Ver. Luiz Braz. Hoje pela manhã passei duas vezes pelo local da reunião e vi a seriedade com que os Vereadores estão tentando elucidar os fatos na CPI do ProJovem. Acho que são todas dimensões do trabalho desta Câmara, que tem muita seriedade. Quero dizer a Vossas Excelências que eu fico muito orgulhosa de estar mediando, neste ano, esse trabalho.

No início da Sessão não lemos o Expediente. Eu mesma gostaria de ler, para não chamar o Ver. Toni Proença para apenas um processo.

 

(Leitura das proposições apresentadas à Mesa.)

 

O SR. TONI PROENÇA: Não para corrigi-la, mas quero pedir que a senhora revise a expressão “atingidas pelo Pisa”, trocando por “contempladas pelo Pisa”.

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Contempladas.

Na Vila Nossa Senhora das Graças, a queixa é de que as obras estão interferindo na creche, em toda atividade socioeducativa que a instituição Nazaré realiza ali, pela Irmã Conceição; de fato, está atingindo, porque estão rachando paredes da creche, etc. E, no caso da Vila Hípica, eles gostariam muito de ser atingidos, eles estão esperando a urbanização que o socioambiental vai trazer. Então, na verdade, não são comunidades para jogar confetes, mas para reivindicar, Ver. Toni Proença. Mas tens razão, o Socioambiental beneficiará muitas comunidades.

O Ver. Mauro Pinheiro está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. MAURO PINHEIRO: Srª Presidente, Verª Sofia Cavedon; demais Vereadores, Vereadoras; público que nos assiste pelo Canal 16 e nas galerias, quero registrar a presença do Suplente de Vereador de Alvorada, o Sr. Rodrigo Schin, assessor do Deputado Federal Marco Maia, Presidente da Câmara Federal.

Quero falar aqui, Ver. João Antonio Dib, sobre a CPI do ProJovem. O Ver. Luiz Braz, Presidente da CPI, dizia que era uma CPI chapa branca - acho que, no mínimo, ela já está cinza, Vereador, porque a CPI está muito bem, está andando, estamos fazendo o nosso trabalho de Vereador, investigando. Eu quero fazer algumas pequenas colocações para os Vereadores que não estão participando, que não fazem parte da CPI, e para aquelas pessoas que nos assistem pelo Canal 16. Na CPI, claramente, há três eixos em que temos buscado as informações: um é a relação da Secretaria da Juventude com a Fundae, que foi a fundação conveniada para tocar o ProJovem; o outro eixo, que eu tenho me firmado mais, é referente à Amavtron, que é a Associação da Vila Tronco, o Sr. Paulo Jorge já esteve aqui nesta Casa esclarecendo um convênio que foi feito, que a princípio era de 530 mil reais e já está em 338 mil, 179 mil, que nós estamos procurando onde encontram. Também esteve aqui nesta Casa o Sr. Douglas, da DS Sonorização, que também outro eixo que estamos vendo. Dentro desses eixos, hoje tivemos o Sr. Jonatas Ouriques, que veio aqui prestar esclarecimentos, ele foi adjunto e coordenava a parte jurídica. Quanto à Amavtron, nós nos concentramos nas questões das notas fiscais que recebemos aqui, dentro do processo, e uma delas é da DAM, uma empresa de vídeos. Essa empresa fez alguns vídeos, e um desses vídeos, segundo... Nós acabamos não conseguindo entender muito - não é, Ver. Luiz Braz? - porque ele disse que era uma empresa que estava catalogada, outra hora tinha um cartão, então, deixou muita dúvida, e nós até pedimos que o Presidente da CPI solicitasse o cadastro das empresas catalogadas na Secretaria da Juventude. Essa empresa foi contratada por 40 mil reais para fazer um vídeo. Os números acabam nos assustando um pouco, e nós estamos investigando para ver. Além disso, essa empresa, que prestou esse serviço da Amavtron, também acabou prestando logo ali na frente um serviço para a Secretaria da Juventude. E o grande problema é que é sempre sem nenhuma espécie de licitação. Também não ficou muito claro quando o Jonatas Ouriques, que foi o Secretário-Adjunto do Secretário Alexandre Rambo, disse que eles achavam que era uma única empresa que poderia ser contratada para fazer o convênio, porque já havia um convênio anterior, porque se tratava de carnaval. Então, ficaram muitas dúvidas que nós continuamos tentando esclarecer. Mas o que é certo que 530 mil, ou 338 mil, para uma única empresa, uma Associação, para tocar um projeto que se dispersou sobre várias comunidades, já deixa dúvidas.

Mas a grande polêmica diz respeito a várias notas fiscais da Flores&Camargo: uma nota de R$ 7.779,00; um outra nota de R$ 2.777,20, uma outra nota fiscal de R$ 17.051,10; outra nota de R$ 6.001,70. Todas elas expedidas no mesmo dia e por uma única empresa, em que foram comprados vários itens: base média de carro alegórico, chapas de madeirite, chapas de Eucatex, acefato, PVA branca, rolo, pincel, purpurina, massa corrida, cortador de isopor, grampo, pistola para grampo, serra tico-tico, furadeira, lixadeira, sacos de cortes, tecidos, penas, sapatilhas, galão e por aí afora. São vários materiais, vários itens, uns trinta, quarenta itens diferentes. Ver. João Antonio Dib, o senhor que gosta de visitar atacadão, essa nota me chamou atenção e eu gostaria de saber onde fica esse endereço, quem vende tantos produtos, dos mais variados possíveis. E aí eu fui até o endereço que consta aqui, Ver. Paulinho Rubem Berta, qual seja, Av. Adelino Ferreira Jardim, nº 30, no bairro Rubem Berta. Como eu conheço muito bem a região, eu não conheço nenhuma empresa desse porte que tenha tantos produtos, Ver. João Antonio Dib. E aí, depois, mais tarde, fui até lá e não achei essa empresa. Vi um carimbo que diz que tem outro endereço: na Rua Gregório Behregaray, nº 04. Fui até lá, tem um galpão, e nesse galpão também não achei nenhuma empresa. A empresa que tem lá é uma empresa de andaimes, uma outra de marcenaria; perguntei pela empresa, e ninguém sabia. Aí fui pesquisar em outros documentos e achei todo o histórico da Flores&Camargo. No histórico da empresa, há várias alterações, foi mudando seu endereço...

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. Mauro Pinheiro está com a palavra em Comunicação de Líder. A partir de agora, prossegue em Comunicação de Líder, pela oposição.

 

O SR. MAURO PINHEIRO: Pesquisamos essa empresa - Ver. Nelcir Tessaro, que é um excelente advogado, sabe como funciona - e constatamos que ela foi mudando de endereço várias vezes. Primeiro, ela estava na Av. Cristóvão Colombo, e o objeto social, em 2003, era “comércio varejista e atacadista de flores artificiais, vasos, artigos de cama, mesa e banho e artigos de decoração”. Mais tarde, houve uma alteração; em maio de 2006, mudou o objeto social, quando foi para Av. Adelino Ferreira Jardim - eu não me lembro dessa empresa lá, eu, que há muito tempo ando pelo Jardim Leopoldina e Rubem Berta -, para “comércio varejista e atacadista de flores artificiais, cama, mesa, acessórios, miudezas”, quinquilharias e outros. Isso também na Av. Adelino Ferreira Jardim.

Posteriormente, em 22 de janeiro de 2008, houve nova mudança do objeto: “indústria e comércio de confecções de artigos esportivos, confecção de fardamentos esportivos (calções, camisas, meias), bolsas, chuteiras, tênis e acessórios”, mudando o endereço para Rua Gregório Beregaray Filho, onde temos a empresa de andaimes e marcenaria. Mais tarde, ela muda, no dia 8 de dezembro, posterior à nota fiscal, e acrescenta no objeto social artigos diversos para carnaval, e o endereço continua o mesmo.

Nova mudança de endereço: Av. Farrapos, nº 341. Estive lá também, inclusive fiz uma comprinha para pegar a nota fiscal, é uma empresa de artigos esportivos. Liguei para lá, ninguém sabia de nada, quando falei do que eu queria, disseram-me: “É na sobreloja. Liga lá que é na sobreloja. Aqui nós temos tudo, só não temos dinheiro.” Essa foi a expressão que recebi. Só que, como todo o mundo sabe, o objeto social dessa empresa não tem nada a ver com os artigos que foram vendidos.

Para esclarecer, Ver. João Antonio Dib, se o meu objeto social diz que tenho que vender artigos esportivos, eu não posso vender serra tico-tico nem furadeira. Esse é o grande tema. Perguntado, o Sr. Jonatas, antes de mostrar as notas, disse que era responsabilidade dele todas as contas. As contas a serem pagas passavam por ele, ele via, anotava para dar o.k. para pagar. Depois que nós falamos da nota: “Como é que eu ia saber da razão social? Eu vi a nota, estava o.k., paguei.” Essa é a explicação que se tem. Só que, num determinado momento, o Sr. Jonatas Ouriques, que foi Adjunto da Secretaria, falou o seguinte: “Se tu fores ver, a razão social foi modificada, tem artigos para carnaval”. Aí eu disse: “Só que essa mudança” - Vereador - “foi após a nota fiscal ser expedida”. Aí ele disse: “Eu não podia saber”. Primeiro, ele sabia; depois, ele já não sabia mais. Então, começa a ficar bastante difícil.

Já fizemos um Requerimento ao Ver. Braz, para que o dono dessa empresa venha até aqui, porque queremos esclarecer isso. Até pode existir a empresa, não vamos dizer que não, porque... Também, ele não sabia muito, depois ele disse: “É que essa empresa compra no Rio de Janeiro, esse material veio do Rio, porque é material de carnaval”. E, quanto mais falava o nosso ex-Secretário-Adjunto, mais difícil ficava de entender. Eu não estou conseguindo entender, acho que o dono dessa empresa pode vir aqui para nos explicar. Gostaremos muito das explicações, porque está ficando difícil entender. Eu não conheço nenhuma empresa que venda tanto material, acho que nem um atacadão, nem o Carrefour, nem o Big tem tanto material num único lugar. Eu quero entender porque são 33 mil reais. E nós tiramos, aqui no site República Federativa do Brasil, o cadastro nacional, e aparece Word Esportes. Agora, eu não conheço nenhuma loja de esportes que venda serra tico-tico, purpurina, pincel, tinta.

Segundo, eu gostaria de ver... Acho que temos que fazer uma visita, porque deve haver um carro alegórico em algum lugar, Ver. Luiz Braz, porque é muito material numa nota, num único lugar, e nós vamos querer saber onde está o dinheiro público que foi gasto; queremos, sim, entender, assim como quero ver muito aquele vídeo de 40 mil reais que até agora não conseguimos ver. Além do que, o principal de tudo é que o Secretário-Adjunto, quando a coisa apertou, disse que, na contratação da Fundação Ulbra: “Não fomos nós que negociamos; foi o Secretário de Governança, teve aval do nosso Procurador do Município”. Parece que a coisa está ficando difícil, e estão botando a culpa em outras pessoas. Mas vamos ter que investigar e nós vamos continuar investigando. Queremos saber onde está esse dinheiro público. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Apregoamos Licença para Tratamento de Saúde - o Ver. Nilo Santos faz esta solicitação. O Ver. DJ Cassiá solicita Licença para Tratamento de Saúde no período de 30 de março a 8 de abril. A Mesa declara empossado o Suplente, Ver. Marcello Chiodo, nos termos regimentais, que integrará a Comissão de Educação.

O Ver. Dr. Thiago está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. DR. THIAGO DUARTE: Srª Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadores; seja bem-vindo, Marcello; desejo um pronto restabelecimento ao Ver. DJ Cassiá, nosso Vice-Presidente.

Antes de falar do tema que me traz em Comunicação de Líder do PDT, quero enfatizar assuntos bons, quero dizer que o PDT aqui nesta Casa - toda a nossa Bancada - é uníssono em não apoiar alternativas de Comissões Parlamentares de Inquérito que já estejam sendo investigadas tanto aqui como na Assembleia. Então, assumimos a coerência, a qual muitas vezes parece que os nossos colegas não têm. É importante que o público dê bastante atenção à coerência.

Mas hoje eu venho aqui - eu julgo um dia histórico para a Cidade - falar sobre o transporte fluvial. Hoje tivemos a primeira Sessão Extraordinária, de uma Comissão desta Casa, dentro de um barco. É histórico! Dentro de um barco! Quero agradecer a presença dos Vereadores que estavam lá, em especial à Presidente Sofia, ao Ver. Brasinha, ao Ver. Beto Moesch, membro da Comissão, e ao Ver. Nedel. Agradeço também a todos os Vereadores que foram convidados, mas que não puderam se fazer presentes em função de outros compromissos, como a Comissão Parlamentar de Inquérito. Quero agradecer ao ex-Vereador Valdir Fraga pela presença. Na segunda-feira, foi lançado o Projeto para a construção do metrô, que ligará o Centro da Cidade à Zona Norte. E hoje, com a presença do Prefeito, com a ação do Prefeito de Porto Alegre, nós tivemos a oportunidade de propor, sobre as águas do Guaíba, o transporte hidroviário de passageiros, no sentido de integrar a Região Sul e Extremo-Sul ao Centro da Cidade.

O transporte de barco é ágil, não enfrenta congestionamentos e, sem qualquer outro tipo de comparação, mostra para a Cidade uma beleza ímpar. A Cidade é bela em todos os seus ângulos, mas é muito especial se olhada de dentro do rio. Para ser mais objetivo, eu vou citar uma das principais situações que nos motivam nesse processo: a questão da mobilidade que tem o transporte hidroviário. Para os colegas terem uma ideia, para o público ouvinte ter uma ideia, o deslocamento do Centro da Cidade ao Lami, em horário de pico semanal, pela via Rodoviária, leva em torno de duas horas; nós fizemos esse trajeto, contemplando o Guaíba, em 45 minutos! É menos da metade do tempo.

O transporte hidroviário pode beneficiar toda a Região Sul e Extremo-Sul da Cidade e Restinga, é claro que junto com outro modal, adaptado ao modal rodoviário, que pode pegar pessoas na Restinga, pegar pessoas em Ipanema e levar para o ponto de ancoradouro, até que cheguem ao Centro. Pode inclusive extrapolar as fronteiras do Município, chegando até Itapuã, que fica ao lado de Porto Alegre. Então, quero agradecer profundamente a postura do Prefeito, que já instituiu um grupo de trabalho, o GT Orla, junto à EPTC, à Secretaria do Planejamento e a outras Secretarias, para estudar a viabilidade do transporte. Quero dizer que a hidrovia, sim, é uma alternativa que pode cortar caminhos, reduzir a poluição, reduzir o estresse, sem contar os acidentes de percurso que geralmente ocorrem com o transporte coletivo. Então, sim, é uma possibilidade ecologicamente sustentável e muito viável.

Quero mostrar aqui a foto. (Mostra foto.) Chegamos até a beira da praia do Lami. O Ver. Beto Moesch faz parte da Comissão, será o Presidente no ano que vem, e os moradores falando desta viabilidade. Muito obrigado, que possamos sonhar juntos com esta alternativa no transporte coletivo em Porto Alegre.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

(O Ver. Toni Proença assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Ver. Toni Proença; Srs. Vereadores; Sras Vereadoras, senhoras e senhores, eu quero cumprimentar todos os Vereadores e Vereadoras que participam da Comissão Parlamentar de Inquérito que está em atividade aqui nesta Casa averiguando problemas do ProJovem. Todos os Vereadores têm trabalhado bastante, têm demonstrado muito interesse; que nós possamos, lá no final desta Comissão, mostrar aqui a verdade para as pessoas que formam a nossa sociedade. Essa é a obrigação dos Vereadores. Mas, com a mesma veemência que nós estamos cobrando os resultados, que estamos trabalhando pelos resultados na Comissão que está funcionando aqui nesta Casa - para sabermos aquilo que está acontecendo na Secretaria da Juventude, aquilo que aconteceu e que continua acontecendo -, nós queremos também cobrar lá na Assembleia Legislativa, Ver. Elói Guimarães, porque, lá na Assembleia Legislativa, a tal de CPI dos Pardais, que foi muito solicitada no início pelo Governador Tarso Genro, está sendo escamoteada.

Os Deputados ligados ao PT e os Partidos que são ligados ao PT, de alguma forma, pelos interesses - sempre interesses de cargos, de funções -, esses Deputados estão evitando a CPI dos Pardais de todas as formas, porque eles têm medo de que as averiguações acabem por detectar corrupção dentro dos seus quadros. Eu quero dizer que todos os Deputados do meu Partido, o PSDB, contra quem pensavam que seria a CPI dos Pardais, assinaram o documento da CPI, todos eles! Essa CPI foi solicitada no início pelo Governador. O Governador Tarso Genro é que falou muito dessa CPI lá no início. Todos os Deputados do meu Partido assinaram a CPI, mostrando o seguinte: o PSDB não tem medo das investigações com relação aos pardais! E os Deputados do PDT? Desculpe-me, o PDT. E os Deputados do PT? E os Deputados do PSB? Todos eles estão escondidos, todos eles estão omissos, todos eles têm medo da corrupção dentro das suas esferas, dentro das suas Prefeituras, ou, quem sabe, até mesmo em locais até mais elevados de poder; todo o mundo está fugindo! E o PSOL, que cobra tanto em todos os cantos. E o PSOL? Estou falando porque o meu amigo Pedro Ruas está aqui no Plenário. Eu não vejo o PSOL vir aqui e fazer a cobrança com relação à CPI dos Pardais! Ou lá não interessa? Ah! Os companheiros não podem ser investigados, não...! Os companheiros têm que ser preservados...! O pessoal do “mensalão”, esse não, esse tem que ser colocado em locais onde vão ganhar muito bem! Muito bem! Agora, os outros, não; os inimigos, esses merecem ser avacalhados, esses merecem ser espezinhados...

Mas, afinal de contas, a sociedade não pode agir assim. Ver. João Dib, a sociedade tem que ser honesta, principalmente através dos seus representantes, porque os representantes da sociedade é que dizem exatamente aquilo que deve ser feito para que possamos ter uma sociedade melhor. A sociedade só vai ser melhor se nós realmente pudermos, algum dia, estar, Ver. Pedro Ruas, sem nenhum medo, discutindo as verdades que existem tanto aqui como no Estado. Vamos esperar para ver o que vai dar nessa CPI dos Pardais.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Nilo Santos está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. NILO SANTOS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, isso faz parte do processo democrático. Bom, eu não quero discutir a questão da CPI; não quero, até porque é um pouco de CPI aqui, um pouco de CPI lá, e os problemas vão-se acumulando em todos os cantos. É CPI para todo o lado, e os problemas só aumentam na Cidade, no Estado, em todos os lugares. Eu acho que tem que se concentrar menos em CPI e se concentrar mais no dia a dia.

Ver. Pedro Ruas, nós estivemos visitando a Vila da Conquista no sábado - aniversário da Cidade - e percebemos a dificuldade das pessoas que vivem dentro das vilas irregulares. Isso é um problema antigo, Verª Maria Celeste, um problema antigo na Cidade. E é um problema que nós vamos ter que enfrentar de uma forma muito incisiva, muito pesada. Vamos ter que fazer um enfrentamento pesado, porque é um problema superior a qualquer bandeira partidária, é um problema que vai além de uma bandeira, de um Partido.

Existem alguns temas, Ver. Cecchim, que, parece-me, jamais deveriam ser usados numa disputa eleitoral; um deles é essa questão das pessoas que vivem hoje nas vilas irregulares. É um tipo de problema que, após uma eleição, todos os Partidos deveriam montar um frentão, montar um GT composto por todos os Partidos políticos, para tentar resolver. Quando falamos que o maior patrimônio da Cidade é o seu povo, rola muita demagogia nisso tudo; vai Governo, vem Governo, e muitas pessoas permanecem atoladas no barro, lá nas vilas irregulares, com valão passando por baixo das casas. E isso é uma coisa que vai além do Governo A ou do Governo B. O problema da nossa sociedade é um problema de todos os Partidos políticos. Essa é uma questão que nós precisamos discutir com muita seriedade, Ver. Nelcir Tessaro, o senhor, que foi um brilhante Diretor do DEMHAB, conhece bem essa realidade. Não vai ser um Governo que vai resolver isso, não vai ser uma gestão apenas, isso é uma construção coletiva.

E outro problema, senhoras e senhores: ontem nós tivemos mais uma reunião da Comissão que trata do assunto “moradores de rua”, que, agora - nosso sempre Ver. Valdir Fraga -, não chamam mais moradores de rua; são pessoas em situação de rua. Se falar moradores de rua, agora o povo se ofende. Eu descobri isso ontem, na reunião da Comissão: agora são pessoas em situação de rua. Para mim, que sou meio ogro, é morador de rua, Ver. Oliboni. Morador de rua! E nós estamos, então, fazendo alguns encaminhamentos na Comissão.

O nosso Secretário Kevin Krieger está fazendo um excelente trabalho. Um excelente trabalho está sendo realizado pela equipe do nosso Ver. Kevin Krieger, que está trabalhando como Secretário. Ontem, Ver. João Dib, ele deixou bem claro que a FASC não tem condições de resolver o problema se não houver a integração daquilo que eu venho falando aqui, a integração dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Sem esse enfrentamento conjunto, não será possível resolver o problema! E ficou relatado por ele que, no Centro de Porto Alegre - e aí entram os bairros Menino Deus, Cidade Baixa e Bom Fim -, são 1.090 adultos em situação de rua, e que nós precisamos fazer o enfrentamento!

Por isso solicito aos Vereadores que fazem parte dessa Comissão - encarecidamente, eu peço - que compareçam na próxima quarta-feira, para nós seguirmos discutindo isso, até para nos prepararmos, senhoras e senhores, porque, na outra quarta-feira, teremos uma reunião no auditório do Ministério Público, aqui no Centro, com os moradores do Centro de Alegre. Eles querem conversar com os Vereadores para expressarem, através dessa reunião, tudo o que eles sentem e tudo o que está acontecendo no Centro de Porto Alegre. Estão pedindo socorro para sentarem com os Vereadores, inclusive com aqueles que não fazem parte da Comissão Especial que trata do assunto dos moradores de rua. São nossos convidados para estarem presentes na outra quarta-feira, às 19h30min, no auditório do Ministério Público. Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Pedro Ruas está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente, Ver. Toni Proença; Vereadoras, Vereadores, público que nos assiste; rapidamente, Ver. Nilo Santos, quero reiterar a importância do pronunciamento de V. Exª e a estranheza que tenho em saber que o PSOL não faz parte dessa Comissão, eu gostaria muito! Não entendo por que não faz parte! Aliás, estávamos, no dia 26 de março, sábado de manhã, com o Ver. Nilo Santos, com o Ver. Mario Manfro e o Ver. Paulinho Rubem Berta na Vila da Conquista, fazendo um trabalho sério e importante da CUTHAB.

Quero dizer, Ver. Luiz Braz - Vossa Excelência citou-me nominalmente, também o meu Partido -, que vim agora da Assembleia Legislativa - agora! Estávamos lá: o Presidente Estadual do PSOL, Roberto Robaina; a Luciana Genro e a Bancada daqui, eu e a Verª Fernanda, os quatro. Os quatro no gabinete do Deputado Basegio, do PDT. O único do PDT que assinou a CPI; o único, isolado, como um Dom Quixote, isolado, completamente! Isso não é maneira, Ver. Mario Fraga, de tratar um correligionário; isso é isolar o Dr. Basegio! Pois estava lá o PSOL, agora, das 14 às 15 horas! A imprensa estava lá!

Quero dizer que o PSOL cobra CPI aqui no Município, na União Federal e no Estado! Uma das pessoas que estavam lá, Ver. Luiz Braz, era a ex-Deputada Luciana Genro, filha de S. Exª o Governador. O PSOL foi lá cobrar o apoio à realização da CPI dos Pardais no Estado e dar a posição partidária. Portanto, V. Exª se equivocou quando falou no PSOL.

 

(Aparte antirregimental do Ver. Luiz Braz.)

 

O SR. PEDRO RUAS: Então, não sei se entendi certo. Mas aí eu me permito - é que peguei o final do pronunciamento de Vossa Excelência - fazer uma cobrança, porque V. Exª vai ter muito mais razão em fazer a crítica ao PT, como o PSOL está fazendo, se assinar a CPI da Saúde, porque aí V. Exª ficará com autoridade integral para essa crítica, como nós temos. Aliás, fiquei sabendo lá que o PPS vai assinar na segunda-feira - fiquei sabendo hoje. Então, nós, que assinamos e lutamos aqui, podemos fazer a crítica que fizemos hoje lá. Mas V. Exª, Ver. Luiz Braz, vai ter que assinar primeiro aqui - eu lamento, eu não tenho aqui procuração do PT para fazer essa defesa e essa cobrança -, porque, aí, V. Exª ficará inatingível. Assinou aqui, Ver. Idenir Cecchim, e aí cobra de lá. Nós fizemos isto: assinamos aqui, fomos cobrar lá e demos solidariedade ao Dr. Basegio.

Eu fiquei, Ver. Luciano Marcantônio, chocado com o isolamento do Basegio no PDT, nem sequer o cumprimentam, nem cumprimentam o homem. Mas que coisa! Ele anda pelos corredores, Ver. Cecchim... Ele disse: “Chegou o PSOL para me tirar do isolamento!” - quando nós chegamos lá -, “Ninguém me cumprimenta na Casa”. Disse-lhe: “Mas que situação, Deputado!” Conheci o Basegio quando era Vereador em Passo Fundo, depois ele foi suplente na Câmara Federal. É um bom Deputado, uma boa pessoa.

Então, quero fazer esse registro para o Ver. Luiz Braz, que é meu amigo há trinta anos, sinto-me com esta liberdade: assine, Vereador, a CPI da Saúde aqui, e V. Exª vai entrar lá na Assembleia com tapete vermelho para fazer essa cobrança! Mas, enquanto não assinar, fica difícil aqui, Vereador. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Ver. Toni Proença; Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, meus senhores e minhas senhoras, hoje, dia 31 de março, encerram-se as nossas atividades deste mês. E o que nós produzimos, eu acredito, foi muito pouco. Nós fizemos dezenas, se não centenas, de discursos, a maioria deles analisando oito Vetos do Prefeito. E o que é que obtivemos de resultado? Os oito Vetos do Prefeito foram aceitos; das 37 Emendas destacadas do Orçamento, três foram aprovadas. O resto, nós sabíamos o resultado, mas fizemos muitos discursos e deixamos de produzir.

Recebemos hoje o Movimento Autista & Vida, e o Ver. Tarciso falou em Primeiro Mundo, disse que só tem um mundo e perguntou em que mundo nós vivemos. Pois eu vou perguntar: em que país nós vivemos? O País se ufana - o Governo que saiu, o Governo que aí está - de ter no FMI trezentos bilhões de dólares de reservas para a grandeza do nosso País. Mas ocorre que a dívida interna do País supera um trilhão e seiscentos bilhões de reais. Aqueles trezentos bilhões de dólares que estão no Exterior são remunerados, segundo o jornalista especialista nessa área, o Joelmir Beting, a 2% ao ano. Eu vou até admitir que não sejam 2%, que o Joelmir esteja errado, sejam 4% ou 6%, mas a dívida interna o Governo paga 17% ao ano. É possível que os nossos trezentos bilhões de reservas externas sirvam de empréstimo para eles virem aqui comprar letras do tesouro, e pagam lá 2%, 4% ou 6%, e recebem aqui, deste País, 17%. É possível que estejamos fazendo o nosso próprio enterro. Trezentos bilhões de dólares não significam nada perante um trilhão e seiscentos bilhões de reais, e é uma dívida que cresce, e cresce de uma forma avassaladora.

Há alguns dias eu li no jornal Zero Hora a coluna do Flávio Tavares, que escreve aos domingos. Ele diz que Lula foi generoso com os pobres: deu a eles trinta bilhões de reais, mas deu para os banqueiros trezentos milhões de reais. São os que melhor vivem neste nosso País, são os que melhores condições têm para aumentar as suas fortunas, porque o juro é de 17%, e nós recebemos, do nosso dinheiro, juros de 2%. É alguma coisa aterradora. Nós precisamos mesmo é liquidar a dívida interna, e não de reservas internacionais, que só servem para dizer que é um grande País. Não, é um grande devedor internamente, com juro muito alto. E os banqueiros cada vez mais felizes, porque mais letras do Tesouro são emitidas. Até novas notas já estão circulando, até já há falsificadas, mas nós continuamos ricos lá no Exterior e miseráveis aqui no País. Saúde e PAZ!

 

(Não revisado pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. Idenir Cecchim está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. IDENIR CECCHIM: Sr. Presidente, Ver. Toni Proença; Srs. Vereadores, Verª Maria Celeste, única das mulheres que está presente; Ver. Pedro Ruas, eu queria dizer que o senhor fica muito bem fazendo crítica de uma forma leve, inteligente, fazendo uma cobrança também leve e amistosa do Ver. Luiz Braz. Até eu me senti um pouquinho cobrado, mas de uma maneira elegante, pela forma como V. Exª fez aqui da tribuna. Eu gostei muito. Então, meus cumprimentos pelo jeito e pela solidariedade à Bancada do PT aqui na Câmara. Eu vejo que não sou só eu que fico solidário ao PT em relação à Bancada estadual e ao Governador Tarso Genro. Temos uma boa parceria nesse sentido.

Mas eu queria agora fazer um registro. A gente também tem que fazer registros que são tristes para nós. Ver. João Dib, faleceu, nessa madrugada, o nosso líbanês-italiano Mighel Pergher, o nosso Mighelão, um grande amigo que participava das confrarias dos restaurantes, dos italianos donos de restaurantes, um grande gremista; ele deixa muita saudade e muitos amigos aqui. Eu queria fazer o registro da morte do Mighel Pergher, nosso amigo.

Todos nós conhecemos o nosso jornalista Roberto Moure, que esteve na Itália, durante 30 anos, representando-nos muito bem lá. Agora está de volta e veio para ajudar a cuidar da mãe dele, Dona Joana Moure, que também faleceu hoje pela manhã, deixando o Roberto Moure, a Ananete, a Nizete - seus filhos -, netos e genros muito tristes. A Dona Joana também foi uma grande mulher, com quem eu tive o prazer de conviver, de ser seu amigo e dos seus filhos nos últimos 20 anos. Que Deus a tenha, que Deus guarde um lugar para os dois, tanto para o Mighel Pergher quanto para a Dona Joana! Que fiquem em paz essas duas pessoas que colaboraram muito com a cidade de Porto Alegre. Não vou usar os cinco minutos. Os outros quase dois minutos que tenho para falar vou usar para fazer um silêncio respeitoso a essas duas pessoas: à Srª Joana e ao Mighel Pergher, que partiram hoje.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Esta Casa, na abertura da Sessão, Ver. Idenir Cecchim, fez um minuto de silêncio em homenagem ao Mighel Pergher, a pedido do Ver. Elói Guimarães. O Ver. Elói Guimarães me informa que o Mighel, inclusive, era Cidadão Porto-Alegrense, um Título concedido pela nossa Verª Teresa Franco, nossa querida Nega Diabo.

 O Ver. Waldir Canal está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. WALDIR CANAL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, venho a esta tribuna, como não poderia deixar de ser, para agradecer às Bancadas que, na tarde de ontem, manifestaram aqui o seu pesar pelo falecimento do nosso companheiro, o Presidente de Honra do PRB, Vice-Presidente da República, José Alencar, que hoje teve o seu sepultamento no Estado de Minas Gerais. Nós, do PRB, rendemos a ele todas as homenagens, ficamos sensibilizados, entristecidos pela morte desse grande líder, mas sabemos que o legado, a história, a luta, o esforço de José Alencar servem para nós como um norte, uma direção para um caminho de luta para a construção de um país que venha a atender aos anseios de todos os brasileiros.

Feito esse registro, quero chamar a atenção para uma notícia preocupante que li hoje. Eu chamo a atenção, porque nesta Casa tramita um Projeto de Lei do Prefeito Fortunati que “autoriza o ingresso de Agentes de Combate a Endemias em imóveis particulares, na forma desta lei, para realizar o controle e o combate ao mosquito vetor da dengue no Município de Porto Alegre e estabelece procedimento”. A notícia diz que, no Rio de Janeiro, há uma morte a cada dois dias (Lê.): “A cada dois dias, uma pessoa morreu de dengue no Estado do Rio [de Janeiro], no período de 26 de fevereiro a 26 de março. No fim do mês passado, o Jornal O Estado de São Paulo contabilizou sete óbitos. O número subiu para 23, segundo o relatório semanal da Secretaria de Saúde. Nesse período, o total de casos suspeitos quase triplicou - passou de 13.114 para 31.412”.

Isso nos deixa alarmados, porque esse problema da dengue não atinge apenas o Rio de Janeiro. Nós sabemos que o interior do Estado do Rio Grande do Sul tem tido dificuldade, também algumas cidades da Grande Porto Alegre, e Porto Alegre não está imune. O pior disso é que nós temos notícia de que, no Rio de Janeiro e em outras cidades, o vírus está mutando: agora tem a dengue tipo 4. A pessoa que vai ao posto de Saúde e não faz o exame adequado, se tomar, por exemplo, dipirona, acaba morrendo quase que instantaneamente. Dada a gravidade desse problema, dessa epidemia, o Prefeito vem com esse Projeto, do qual lembrei na hora em que eu li essa notícia. Está coberto de razão o nosso Prefeito. Nós, aqui na Câmara de Vereadores, temos que estar atentos a essa situação, porque essa epidemia tem sido fulminante, principalmente para as camadas mais pobres.

Eu estou vindo, neste instante, de uma visita ao DMLU, pois lá no Jardim do Salso o lixo está tomando conta do local perto do arroio. O DMLU fez duas, três coletas de lixo, e continuam jogando lixo, continua a sujeira ali. Falta educação ambiental, falta conscientização, falta uma ação mais enérgica, e o Prefeito tem feito a sua parte, mas não tem sido suficiente. Sabemos que o mosquito da dengue não desova, não procria no lixo, mas o lixo acaba sendo também um vetor de outros problemas, causando outras dificuldades.

Então, eu venho a esta tribuna fazer este registro, para dizer que é preocupante e que nós, aqui na Câmara de Vereadores, temos a importante tarefa de auxiliar o Governo Municipal no sentido de combater essa doença e não permitir que, aqui em Porto Alegre, cheguemos a este ponto lamentável, desesperador. A dengue atinge rico, pobre, todo mundo através de um mosquito, isso tem sido um problema sério para muitas pessoas no Rio de Janeiro, onde há duas mortes por dia em decorrência da dengue. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

(Não revisado pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Está encerrado o período de Comunicações.

Visivelmente não há quórum. Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 16h45min.)

 

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